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Mauro Paulino
2º turno: a missão
SETE MILHÕES de votos. É o que a oposição precisa tomar de
Lula, nos próximos 13
dias, para sonhar com o
segundo turno. Isto se os
sem-candidato permanecerem próximos dos 10%
como em 2002. Se crescerem, favorecem Lula.
Por diferentes métodos
os institutos chegam a um
mesmo resultado em suas
últimas pesquisas: metade
dos brasileiros pretende
reeleger Lula já no primeiro turno. Retratam as opiniões até o meio da semana passada e não contemplam, portanto, o horário
eleitoral de quinta e sábado nem as notícias do final
de semana. A convergência em um mesmo número reforça a certeza estatística dessa proporção.
Como as pesquisas não
apuram os votos concretizados e sim as intenções
dos eleitores antes de votar e não podem prever
quantos se ausentarão das
urnas, alguns fatores têm
sido lembrados para elevar a esperança de segundo turno. O alerta mais repetido lembra que a abstenção é mais concentrada no Nordeste e está relacionada à baixa renda e escolaridade dos eleitores.
Coincide com o perfil do
eleitor de Lula e, por isso,
ele perderia cerca de sete
pontos nas urnas. É um
exagero partidário.
A estatística Renata Nunes, do Datafolha, apurou
a média das abstenções e
dos votos brancos e nulos
em cada Estado nas duas
últimas eleições presidenciais e, como exercício, recalculou os percentuais da
última pesquisa a partir da
média histórica de votos
válidos. Constatou que
Lula perderia apenas um
ponto, insuficiente para
viabilizar o segundo turno.
Lembra também que
grande parte das abstenções refere-se a eleitores
que mudaram de cidade,
não transferiram o título e
preferem justificar o voto
a viajar para votar.
Mais provável, e pouco
lembrada, é a possibilidade de parte dos eleitores
não conseguir traduzir sua
intenção em voto. Em 98,
estudo feito por Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha, mostrou que pelo menos 14%
dos que votaram para presidente erraram ao digitar
o número na urna eletrônica. A seqüência de votação não segue a ordem lógica de ir do cargo mais
importante para o menos
importante, começando
pelos deputados. Assim,
alguns eleitores se confundem e votam para deputado achando que estão
votando para presidente.
Como 56% dos eleitores
de Lula têm baixa escolaridade, esse é um fator a
ser considerado. Por outro
lado, conhecer o número
do candidato é fundamental para concretizar o voto.
Até a semana passada,
53% dos eleitores de Lula
acertavam seu número
contra apenas 37% entre
os de Alckmin.
Para não depender de
fatores extra-campo os tucanos devem concentrar-se em mudar opiniões dos
83% de brasileiros cuja soma das rendas no domicílio fica abaixo de R$ 1.750.
Sem o apoio deles, ninguém se elege presidente.
MAURO PAULINO é diretor-geral
do instituto Datafolha
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