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ÍNDIOS
Indígenas estariam sendo usados como "mulas" pelo tráfico e pagos com tóxicos
Consumo de drogas preocupa Funai
TIAGO AGUIAR
DA REDAÇÃO
A Funai fez um alerta sobre a incidência de consumo de drogas
que está sendo observada nas comunidades indígenas do país. Os
índios, principalmente os jovens,
estão usando mais drogas do que
a fundação tinha idéia, com base
em observações anteriores.
Os dados estão sendo levantados para um projeto, preparado
pela Funai (Fundação Nacional
do Índio), sobre a situação das
crianças e dos adolescentes indígenas para ser apresentado ao
Conselho Nacional da Criança e
do Adolescente.
O consumo de álcool já era uma
prática detectada pelos indianistas, mesmo sendo proibida por lei
a venda de bebidas alcoólicas para
índios. O que impressionou os
técnicos foi a incidência do uso de
maconha e mesmo de cocaína.
O consumo se dá em maior escala em aldeias que estão próximas a cidades ou a áreas de garimpo e extração de madeira.
Suspeita-se que sejam duas as
formas pelas quais os índios estejam entrando em contato com as
drogas. Uma delas seriam através
dos jovens estudantes.
Nessas localidades, os jovens índios frequentam escolas convencionais e ficam propensos ao contato com as drogas como qualquer outro jovem.
A outra forma é pelo trabalho
que alguns índios prestariam para
o próprio tráfico.
Em locais como as comunidades localizadas no Mato Grosso,
por onde passam diversas rotas
de tráfico, foi confirmada uma
maior incidência de casos pelas
administrações regionais.
Suspeitasse que alguns índios
possam estar sendo utilizados pelo tráfico como "mulas" -transportadores de tóxicos para além
da fronteira brasileira-, que recebem as drogas como pagamento pelo trabalho.
Isso explicaria o consumo de
drogas mais caras, como a cocaína, por um população com poucos recursos econômicos e com
poucas possibilidades de adquirir
esses entorpecentes.
"Esse levantamento é qualitativo e levanta uma primeira amostra da incidência de drogas. Vamos começar um trabalho quantitativo para saber exatamente a
extensão do problema", disse Helena Stilene de Biase, gerente de
projetos do Departamento de
Educação da Funai.
"Alguns casos relatados são
bastante graves. Com algumas
administrações regionais chegando a procurar atendimento médico para os índios", conta Helena.
A Funai trabalha com 50 administrações regionais espalhadas
pelo país que cuidam das comunidades indígenas.
Dessas, 14 já relataram problemas sérios com o consumo de
drogas entre os indígenas. "Pensamos que fosse um coisa mais setorizada. Mas percebemos que é
um problema bem espalhado",
avalia Helena.
O processo que urbanização
que as comunidades indígenas
vêm enfrentando de alguns anos
para cá é apontado pela Funai como um dos agravantes do problema do uso de drogas pelos índios.
Muitas famílias indígenas deixam as aldeias e vão morar nas cidades. Isso as coloca em contato
com uma realidade urbana para a
qual muitas vezes não estão preparadas. Essa mudança também
impossibilita que a fundação
mantenha um acompanhamento
dos índios usuários de drogas.
Prostituição
O relatório também aponta para
um crescimento nos casos de gravidez indesejada e de prostituição
entre os índios. Há anos as comunidades indígenas já são alvo dos
aliciadores de menores.
Uma prática comum já observada pela Funai é a das índias que
produzem e vendem artesanato
nas cidades passarem a se prostituir devido ao maior retorno econômico que isso lhes possibilita.
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