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Coordenador de plano de Lula diz ter compromisso com meta "necessária" para estabilidade
PT admite negociar mais corte de gasto do governo com o FMI
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT admitiu ontem a possibilidade de elevação, se necessário,
da meta de superávit primário
acertada com o Fundo Monetário
Internacional (FMI), na revisão
do acordo prevista para o mês que
vem. A medida equivaleria a um
esforço fiscal adicional, incluindo
corte de gastos num eventual governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar disso, líderes petistas
ressalvaram acreditar que a mudança não será necessária.
Analistas do mercado financeiro prevêem que a meta, de 3,75%
do PIB para 2003, precisará ser
aumentada em razão do incremento na taxa básica de juros e da
disparada no valor do dólar.
Coordenador do programa de
governo de Lula, Antônio Palocci
disse ontem que o partido "está
comprometido" com a meta de
superávit "que for necessária" para estabilizar a economia, e não
rejeitou a elevação ao ser questionado sobre a possibilidade.
"Estamos comprometidos com
a meta de superávit que for necessária para garantir a estabilização
da relação dívida/PIB", declarou o
coordenador.
Palocci disse ser muito cedo para tratar do assunto. "Não vamos
sofrer por antecipação. Temos
um compromisso [com o superávit] que não é uma peça eleitoral",
declarou, durante visita à sede da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo).
Os petistas lançaram um documento conjunto com a Bolsa de
Valores de São Paulo com propostas para o mercado de capitais,
em mais um sinal enviado de que
teriam comportamento responsável na condução da economia.
A meta de superávit equivale à
economia que o governo faz para
honrar seus compromissos. Por
um lado, serve como sinal ao mercado de que não haverá calote;
por outro, retira dinheiro da economia e pode ter efeito recessivo.
Os aumentos nos juros e no dólar acarretam elevação da dívida
pública porque eles corrigem os
títulos do governo em poder do
mercado. Estima-se que a dívida
pública brasileira tenha subido de
58% para algo como 66% do PIB
nas últimas semanas.
Também presente ao ato, o senador eleito Aloizio Mercadante
disse que a atual meta já é um "esforço muito grande para a sociedade". Ele afirmou que a economia, da ordem de R$ 49 bilhões, é
duas vezes o orçamento da Saúde
e três vezes o da Educação.
"Agora, é um esforço que tem
que ser feito. A crise cambial traz
consequências muito mais dramáticas que um esforço de superávit primário", afirmou.
O senador também afirmou ser
cedo para dizer se a meta precisará ser elevada ainda mais. Mercadante disse acreditar que a taxa de
juros cederá após a eleição, e que
o câmbio, "artificial", também irá
baixar.
"Se houver uma reversão de expectativas e, no processo de transição, uma reacomodação da taxa
de câmbio, esse cenário [aumento
da meta] não se realiza."
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