São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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Coordenador de plano de Lula diz ter compromisso com meta "necessária" para estabilidade

PT admite negociar mais corte de gasto do governo com o FMI

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT admitiu ontem a possibilidade de elevação, se necessário, da meta de superávit primário acertada com o Fundo Monetário Internacional (FMI), na revisão do acordo prevista para o mês que vem. A medida equivaleria a um esforço fiscal adicional, incluindo corte de gastos num eventual governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar disso, líderes petistas ressalvaram acreditar que a mudança não será necessária.
Analistas do mercado financeiro prevêem que a meta, de 3,75% do PIB para 2003, precisará ser aumentada em razão do incremento na taxa básica de juros e da disparada no valor do dólar.
Coordenador do programa de governo de Lula, Antônio Palocci disse ontem que o partido "está comprometido" com a meta de superávit "que for necessária" para estabilizar a economia, e não rejeitou a elevação ao ser questionado sobre a possibilidade.
"Estamos comprometidos com a meta de superávit que for necessária para garantir a estabilização da relação dívida/PIB", declarou o coordenador.
Palocci disse ser muito cedo para tratar do assunto. "Não vamos sofrer por antecipação. Temos um compromisso [com o superávit] que não é uma peça eleitoral", declarou, durante visita à sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Os petistas lançaram um documento conjunto com a Bolsa de Valores de São Paulo com propostas para o mercado de capitais, em mais um sinal enviado de que teriam comportamento responsável na condução da economia.
A meta de superávit equivale à economia que o governo faz para honrar seus compromissos. Por um lado, serve como sinal ao mercado de que não haverá calote; por outro, retira dinheiro da economia e pode ter efeito recessivo.
Os aumentos nos juros e no dólar acarretam elevação da dívida pública porque eles corrigem os títulos do governo em poder do mercado. Estima-se que a dívida pública brasileira tenha subido de 58% para algo como 66% do PIB nas últimas semanas.
Também presente ao ato, o senador eleito Aloizio Mercadante disse que a atual meta já é um "esforço muito grande para a sociedade". Ele afirmou que a economia, da ordem de R$ 49 bilhões, é duas vezes o orçamento da Saúde e três vezes o da Educação.
"Agora, é um esforço que tem que ser feito. A crise cambial traz consequências muito mais dramáticas que um esforço de superávit primário", afirmou.
O senador também afirmou ser cedo para dizer se a meta precisará ser elevada ainda mais. Mercadante disse acreditar que a taxa de juros cederá após a eleição, e que o câmbio, "artificial", também irá baixar.
"Se houver uma reversão de expectativas e, no processo de transição, uma reacomodação da taxa de câmbio, esse cenário [aumento da meta] não se realiza."


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