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A empresários, Lula canta vitória
CLEO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato à Presidência Luiz
Inácio Lula da Silva, do PT, afirmou ontem a uma platéia de cerca
de 300 empresários e socialites, na
casa de Ivo Rosset, presidente da
Valisére, que "só se acontecer um
efeito-bomba, semelhante à queda das torres [do World Trade
Center] em Nova York" ele não
vencerá as eleições no próximo
dia 27.
"Se o PT não cometer nenhum
erro até o dia da eleição, se ficarmos nessa fase de "Lula Paz e
Amor", vamos ganhar as eleições.
E vocês vão ter que assumir comigo as responsabilidades. Vocês serão co-responsáveis pelo que nós
conseguirmos e o que nós não
conseguirmos fazer nesse país",
afirmou o petista.
A Folha teve acesso ao jantar,
que era fechado à imprensa.
O candidato fez um discurso
sob medida para a platéia. Criticou os juros altos, a falta de diálogo do governo com os empresários e afirmou que vai se empenhar na defesa dos "interesses da
indústria e da agricultura" brasileiras nas negociações com outros
países -em especial, com os Estados Unidos.
"De vez em quando tentam vender que o PT vai brigar com os
EUA. O PT tem a exata dimensão
da importância do país, principalmente do ponto de vista comercial. Mas o Brasil vai tratar os EUA
como os EUA tratam o Brasil. Eles
não abrem mão de seus interesses. Queremos ganhar deles essa
disputa. Para isso, não podemos
pensar de forma inferiorizada."
Lula afirmou que o papel do
presidente da República é coordenar diferentes interesses.
"Para isso, os ministros têm que
ser menos prepotentes e mais
amigos. Não me proponho a ser o
salvador da pátria, mas sim o
companheiro de todos vocês", declarou o petista.
Crítica a Serra
Pela manhã, Lula afirmou que
seu adversário no segundo turno,
o tucano José Serra, "está desesperado", "perdendo um pouco a
sensibilidade e aquele ar de bom
moço".
Mas o petista abriu uma possibilidade de diálogo com o tucano:
"Depois de passadas as eleições,
como o Serra sempre foi meu
amigo, vou conversar com ele, e
ele haverá de perceber que fez coisas equivocadas na campanha".
As declarações de Lula foram
em resposta ao programa do
PSDB no horário eleitoral gratuito da TV, que chamou o petista de
"aventureiro" e afirmou que havia risco da volta da censura ao
país, pelas críticas de apoiadores
do candidato do PT a Regina
Duarte. A atriz gravou mensagem
em que afirma ter "medo" da eleição de Lula, por riscos que traria à
estabilidade econômica.
"Meu adversário parece que
perdeu um pouco a sensibilidade,
aquele ar de bom moço, e a campanha está a cada dia baixando
um pouco mais o nível. Mas nós
não vamos baixar o nível, vamos
manter a campanha bem-humorada", disse o petista, que participou de café da manhã com comerciantes, empresários e amigos
em um restaurante de São Bernardo do Campo (SP).
Lula não quis comentar especificamente as declarações de Regina Duarte. "Não assisto ao programa do meu adversário, porque
nem sempre posso ficar à frente
da TV para ver o meu próprio
programa. O meu adversário está
agindo como jogador de time que
está perdendo. Quer provocar para causar a expulsão do adversário."
Colaborou PLÍNIO FRAGA, da Reportagem Local
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