São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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A empresários, Lula canta vitória

CLEO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, afirmou ontem a uma platéia de cerca de 300 empresários e socialites, na casa de Ivo Rosset, presidente da Valisére, que "só se acontecer um efeito-bomba, semelhante à queda das torres [do World Trade Center] em Nova York" ele não vencerá as eleições no próximo dia 27.
"Se o PT não cometer nenhum erro até o dia da eleição, se ficarmos nessa fase de "Lula Paz e Amor", vamos ganhar as eleições. E vocês vão ter que assumir comigo as responsabilidades. Vocês serão co-responsáveis pelo que nós conseguirmos e o que nós não conseguirmos fazer nesse país", afirmou o petista.
A Folha teve acesso ao jantar, que era fechado à imprensa.
O candidato fez um discurso sob medida para a platéia. Criticou os juros altos, a falta de diálogo do governo com os empresários e afirmou que vai se empenhar na defesa dos "interesses da indústria e da agricultura" brasileiras nas negociações com outros países -em especial, com os Estados Unidos.
"De vez em quando tentam vender que o PT vai brigar com os EUA. O PT tem a exata dimensão da importância do país, principalmente do ponto de vista comercial. Mas o Brasil vai tratar os EUA como os EUA tratam o Brasil. Eles não abrem mão de seus interesses. Queremos ganhar deles essa disputa. Para isso, não podemos pensar de forma inferiorizada."
Lula afirmou que o papel do presidente da República é coordenar diferentes interesses.
"Para isso, os ministros têm que ser menos prepotentes e mais amigos. Não me proponho a ser o salvador da pátria, mas sim o companheiro de todos vocês", declarou o petista.

Crítica a Serra
Pela manhã, Lula afirmou que seu adversário no segundo turno, o tucano José Serra, "está desesperado", "perdendo um pouco a sensibilidade e aquele ar de bom moço".
Mas o petista abriu uma possibilidade de diálogo com o tucano: "Depois de passadas as eleições, como o Serra sempre foi meu amigo, vou conversar com ele, e ele haverá de perceber que fez coisas equivocadas na campanha".
As declarações de Lula foram em resposta ao programa do PSDB no horário eleitoral gratuito da TV, que chamou o petista de "aventureiro" e afirmou que havia risco da volta da censura ao país, pelas críticas de apoiadores do candidato do PT a Regina Duarte. A atriz gravou mensagem em que afirma ter "medo" da eleição de Lula, por riscos que traria à estabilidade econômica.
"Meu adversário parece que perdeu um pouco a sensibilidade, aquele ar de bom moço, e a campanha está a cada dia baixando um pouco mais o nível. Mas nós não vamos baixar o nível, vamos manter a campanha bem-humorada", disse o petista, que participou de café da manhã com comerciantes, empresários e amigos em um restaurante de São Bernardo do Campo (SP).
Lula não quis comentar especificamente as declarações de Regina Duarte. "Não assisto ao programa do meu adversário, porque nem sempre posso ficar à frente da TV para ver o meu próprio programa. O meu adversário está agindo como jogador de time que está perdendo. Quer provocar para causar a expulsão do adversário."


Colaborou PLÍNIO FRAGA, da Reportagem Local



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