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DATAFOLHA
Pesquisa mostra que brasileiros vêem eleição disputada agora entre o candidato que representa a "mudança" e o que significa a "continuidade"
As razões do voto no primeiro turno
RENATO FRANZINI
DA REDAÇÃO
O Brasil terá no segundo turno
da eleição presidencial um candidato "da mudança" contra outro
"da continuidade". Isso parece,
mas não é discurso de marqueteiro. Está na cabeça do eleitor.
Segundo mostra a última pesquisa Datafolha, feita na sexta-feira passada, os eleitores que dizem
ter votado em Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) em 6 de outubro citam
principalmente, para justificar a
sua decisão, razões que demonstram expectativas futuras.
Em contraste, os eleitores de
primeiro turno de José Serra
(PSDB) falam de realizações ligadas à administração de Fernando
Henrique Cardoso.
Na pesquisa, os entrevistados
podiam citar espontaneamente
um ou mais motivos -não havia
uma lista prévia com alternativas
para escolha.
Dos que dizem ter votado em
Lula, os cinco motivos mais mencionados foram: propostas de geração de empregos (por 30% dos
eleitores do petista); para mudar/
ter um governo diferente (29%);
voto de confiança (15%); propostas na área social (12%); e simpatia ideológica (11%).
Dos que dizem ter votado em
Serra, o resultado foi: desempenho no Ministério da Saúde
(27%); bom desempenho no governo (sem explicitar se na pasta
da Saúde ou na do Planejamento,
15%); propostas de geração de
empregos (13%); dará continuidade ao governo FHC (12%); e
propostas para a saúde (10%).
Alguns desses resultados são
agrupamentos de diversas respostas parecidas.
Por exemplo, dos 27% de eleitores de Serra que citaram o desempenho do tucano na Saúde, quase
um terço (8%) fala especificamente no programa de medicamentos genéricos implementado
pelo ex-ministro.
Dos 15% que dizem ter dado um
voto de confiança em Lula, 4% dizem fazer isso pelo fato de o candidato do PT ter tentado várias
vezes ser eleito.
Garotinho e Ciro
Se a imagem que o eleitor de Lula faz dele é claramente de oposição -e, no caso de Serra, de situação-, os candidatos que ficaram em terceiro e em quarto lugares no primeiro turno receberam
votos por razões diferentes.
O terceiro, Anthony Garotinho
(PSB), teve como principal motor
de votos a religião. De seus eleitores, 27% dizem ter feito uma escolha religiosa -24% afirmam ter
votado no candidato do PSB por
ele ser evangélico, e 3%, por ele ser
temente a Deus.
Suas propostas de elevação do
salário mínimo e criação de restaurantes populares também surtiram efeito: 21% dos eleitores de
Garotinho dizem tê-lo escolhido
porque ele aumentou ou prometia aumentar salários, e 6% especificamente pelos restaurantes
que vendem refeições a R$ 1.
No caso de Ciro Gomes (PPS),
que ficou em quarto, a principal
razão única para votar nele foi seu
plano de governo, citado por 17%
de seus eleitores.
Mas quando o Datafolha agrupa
respostas que dizem respeito à
imagem pessoal do candidato,
elas somam 38% dos entrevistados que dizem ter escolhido Ciro.
Nesses 38%, estão incluídos os
12% que consideram Ciro competente/eficiente, os 10% que viram
nele um homem bem-informado/culto/inteligente, e os 8% que
acham ele honesto/verdadeiro.
Mas nem Garotinho nem Ciro
são colocados explicitamente como oposição ou situação.
Apenas 3% dos eleitores de Garotinho e 5% dos de Ciro dizem
ter votado neles por representar
mudança (no caso de Lula, essa
taxa atinge 29%).
Ciro ainda foi visto como continuação do governo FHC por 1%
de seus eleitores.
Talvez isso explique o fato de
que os votos de ambos foram divididos de modo uniforme entre
Lula e Serra no segundo turno.
Nessa pesquisa feita no dia 11,
dos eleitores declarados em Garotinho, 41% disseram que pretendem votar em Lula, e 42%, em
Serra.
No caso dos que dizem ter votado em Ciro, 42% escolheram Lula,
e outros 42%, Serra.
Na pesquisa, Lula obteve 58%
do total de intenções de voto no
segundo turno, contra 32% de
Serra.
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