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CHOQUE ENTRE PODERES
Presidente do STF afirma pressentir que Senado fará mudanças "profundas" no texto tributário
Reforma deve elevar carga fiscal, diz Corrêa
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Maurício Corrêa, afirmou ontem que a reforma
tributária deverá causar um aumento da carga fiscal no país.
"Minha análise genérica é que
toda a vez que se fala em qualquer
alteração do sistema tributário
nacional é para aumentar os tributos para dar mais ônus ao empresariado e, portanto, ao contribuinte", declarou Corrêa.
Para o presidente do Supremo,
deve haver um "meio-termo" nas
discussões sobre as mudanças no
atual sistema tributário.
"Acho que tem de haver aí um
meio-termo para defender as necessidades do Estado sem sacrifícios", completou o ministro, que
esteve ontem em São Paulo para
participar de um simpósio sobre
direito tributário, do qual participaram cerca de cem pessoas.
Corrêa tem entrado frequentemente em polêmica com o Executivo. As declarações sobre a reforma tributária são mais um capítulo da controvérsia entre Judiciário
e Planalto. Na avaliação de especialistas, apesar de a reforma já ter
passado pela Câmara dos Deputados e estar agora em tramitação
no Senado Federal, a proposta
original do governo já causava o
aumento da carga tributária.
O presidente do STF afirmou,
no entanto, que os senadores devem promover alterações "profundas" no texto. "É o que eu
pressinto", declarou Corrêa.
Ao ser questionado sobre a possível inconstitucionalidade da reforma tributária, o ministro disse:
"É uma questão difícil de prever.
É claro que, se tiver algum dispositivo que venha a ser questionado, o STF vai examinar. Não posso dizer, nesse momento, se há ou
não uma regra inconstitucional".
Apesar de ter evitado emitir
maiores comentários sobre a
constitucionalidade da reforma
tributária, em junho, quando tomou posse como presidente do
STF, Corrêa conclamou os juízes
a se unirem contra a reforma da
Previdência, cuja votação ainda
não havia sido concluída pela Câmara dos Deputados.
Corrêa também foi indagado se
a polêmica entre o Executivo e o
Judiciário não acabava por prejudicar o país. Respondeu que cada
instituição "tem o direito de pensar como quer". O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e Corrêa não
tem se cumprimentado nos eventos públicos dos quais têm participado. Sobre o esse fato, o presidente do STF afirmou: "O problema é dele [Lula], não meu".
A platéia aplaudiu Corrêa quando o advogado Ives Gandra Martins, organizador do simpósio, falou sobre as declarações do presidente do STF contra a inspeção da
ONU no Judiciário brasileiro.
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