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CAMPO MINADO
Em dossiê entregue a Nilmário Miranda, ONG denuncia ameaças de morte a integrantes do MST no Estado
Panfleto prega "caça aos sem-terra" no Paraná
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A organização não-governamental Terra de Direitos entregou
ontem, em Curitiba (PR), ao secretário Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, um
dossiê em que denuncia ameaças
de morte a integrantes do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) em Ortigueira
(região central do Paraná).
No dossiê, a entidade anexou
cópia de um panfleto que tem assinatura falsa e anuncia a "abertura da temporada de caça aos sem-terra" no interior do Paraná.
O panfleto, distribuído nas últimas semanas em Ortigueira, é assinado por uma entidade inexistente, a USPR (União dos Sindicatos do Paraná), e declara "aberta a
temporada de caça ao sem-terra".
Abaixo de uma ilustração -em
que aparece um homem disparando contra outro com camiseta
do MST e boné do PT-, informa
que a recompensa será a paz no
campo.
Leandro Franklin Gorsdorfo, da
Terra de Direitos, disse que à distribuição dos panfletos se seguiram ameaças "veladas e diretas" a
três coordenadores do MST na região de Ortigueira, Valdecir Bordignon, Cláudio Antônio e Ademilson Rizzo.
Ameaças
As ameaças contra os três foram transmitidas por comerciantes e moradores da cidade que
mantêm contatos com os militantes do MST. Na semana passada, o
filho de Rizzo, Alisson Rizzo, 13,
foi interceptado por um carro
com três homens, que seriam seguranças de fazendeiros com uma
"ameaça direta de morte ao pai",
disse Gorsdorfo.
O ministro Nilmário Miranda
se comprometeu a encaminhar o
dossiê ao Ministério da Justiça e à
Polícia Federal para as "devidas
providências", segundo Gorsdorfo. A organização Terra de Direitos encaminhou cópias das denúncias também para o Ministério Público Federal, para o Ministério Público do Paraná e para a
Superintendência da Polícia Federal no Paraná.
Ontem, a promotora de Justiça
Daniele Cristine Cavalli e a delegada da Polícia Civil do município, Gisele Mara Dorigan, estavam fora de Ortigueira. Na Polícia
Civil, a informação era que Dorigan só retornaria na noite de ontem à cidade.
Na cidade, não existe ainda inquérito aberto para apurar a origem do panfleto e das ameaças
contra os sem-terra.
Foco de tensão
Com 435 famílias (cerca de 1.700
pessoas) assentadas em três
acampamentos -Estrela, Libertação Camponesa e Padre Josimo- e com um acampamento
com outras 200 famílias (cerca de
800 pessoas), o município de Ortigueira se tornou, nos últimos meses, o mais novo foco de tensão
agrária no Paraná.
Na última terça-feira, na mesma
região, mas no município de Palmital, uma operação da Polícia
Federal apreendeu 66 armas, parte delas de uso restrito das Forças
Armadas, e prendeu oito pessoas
por porte ilegal de arma e formação de quadrilha.
A ação contou com 180 homens,
um helicóptero e apoio de policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais) da PM do Paraná.
Entre os presos estavam fundadores do Primeiro Comando Rural,
organização criada por fazendeiros para combater o MST na região central do Paraná.
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