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Saito diz que 63% da FAB está imobilizada
Em depoimento sigiloso aos deputados, comandante afirma que Venezuela passará o país em caças e aviões de combate
Brigadeiro pede emendas para completar o orçamento da Aeronáutica; situação do controle de tráfego aéreo não foi discutida na sessão
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento sigiloso ontem na Câmara dos Deputados,
o comandante da Aeronáutica,
brigadeiro Juniti Saito, afirmou que as dificuldades financeiras já imobilizam 63% da
frota da FAB e alertou que o
Brasil cairá para 4º no ranking
da América do Sul no quesito
caças e aviões de combate, devido à disparada da Venezuela na
corrida armamentista.
Segundo as informações passadas aos parlamentares, das
719 aeronaves, apenas 267 estão em operação hoje. Outras
220 estão paradas no parque de
manutenção e 232 estão indisponíveis nas bases da FAB por
falta de peças ou suprimentos.
Procurada, a FAB não forneceu mais detalhes. Um dos
aviões que hoje precisa de manutenção é um dos dois Sucatinha Boeing-737/200, de transporte da Presidência, que teve
uma pane e aguarda conserto
em Brazzaville (Congo).
Além disso, a falta de primazia na defesa aérea preocupou
os deputados. Segundo Saito, o
Peru lidera em aviões de caça e
ataque -o Brasil está em 3º lugar. Porém, com a compra de
jatos (os russos Sukhoi Su-30),
a Venezuela deve passar ao primeiro lugar, derrubando o país
para a quarta posição. Já há um
esquadrão com 14 Sukhois ativo no país, e até o fim de 2008
serão 24.
Além disso, o Brasil está em
6ª posição na América do Sul
em mísseis de curto alcance,
usados, por exemplo, para abater outras aeronaves em vôo.
Saito disse aos deputados
que a modernização dos atuais
caças F-5 pode restaurar a posição brasileira, mas o programa
de revitalização dos aviões sofre com intermitências orçamentárias.
Além disso, os Sukhoi são alguns dos aviões mais poderosos
e modernos do mundo, enquanto os F-5 são obsoletos. Os
12 Mirage-2000 comprados da
França, que estão sendo lentamente ativados em Anápolis
(GO), também são inferiores.
A FAB tem como prioridade
a compra de novos caças, mas o
projeto F-X foi postergado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em 2005. Não há previsão
para a retomada.
Apesar disso, Saito enfatizou
a necessidade de acelerar os
programas já em curso de modernização de aviões de transporte, por exemplo, cuja duração é prevista até 2012.
A queixa de sucateamento
das Forças Armadas tem sido
constante nos últimos anos,
mas a situação da Aeronáutica
surpreendeu os deputados, aos
quais Saito chegou até a pedir
emendas parlamentares para
complementar o Orçamento.
Não foi abordada a situação dos
equipamentos de controle de
tráfego aéreo, tema polêmico
da crise aérea.
Para 2008, o Orçamento prevê R$ 1,8 bilhão para reaparelhamento nas três Forças. A
Aeronáutica tem uma previsão
de aumento nos gastos discricionários em comparação com
2007 de R$ 3,6 bilhões.
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