São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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Saito diz que 63% da FAB está imobilizada

Em depoimento sigiloso aos deputados, comandante afirma que Venezuela passará o país em caças e aviões de combate

Brigadeiro pede emendas para completar o orçamento da Aeronáutica; situação do controle de tráfego aéreo não foi discutida na sessão

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em depoimento sigiloso ontem na Câmara dos Deputados, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, afirmou que as dificuldades financeiras já imobilizam 63% da frota da FAB e alertou que o Brasil cairá para 4º no ranking da América do Sul no quesito caças e aviões de combate, devido à disparada da Venezuela na corrida armamentista.
Segundo as informações passadas aos parlamentares, das 719 aeronaves, apenas 267 estão em operação hoje. Outras 220 estão paradas no parque de manutenção e 232 estão indisponíveis nas bases da FAB por falta de peças ou suprimentos.
Procurada, a FAB não forneceu mais detalhes. Um dos aviões que hoje precisa de manutenção é um dos dois Sucatinha Boeing-737/200, de transporte da Presidência, que teve uma pane e aguarda conserto em Brazzaville (Congo).
Além disso, a falta de primazia na defesa aérea preocupou os deputados. Segundo Saito, o Peru lidera em aviões de caça e ataque -o Brasil está em 3º lugar. Porém, com a compra de jatos (os russos Sukhoi Su-30), a Venezuela deve passar ao primeiro lugar, derrubando o país para a quarta posição. Já há um esquadrão com 14 Sukhois ativo no país, e até o fim de 2008 serão 24.
Além disso, o Brasil está em 6ª posição na América do Sul em mísseis de curto alcance, usados, por exemplo, para abater outras aeronaves em vôo.
Saito disse aos deputados que a modernização dos atuais caças F-5 pode restaurar a posição brasileira, mas o programa de revitalização dos aviões sofre com intermitências orçamentárias.
Além disso, os Sukhoi são alguns dos aviões mais poderosos e modernos do mundo, enquanto os F-5 são obsoletos. Os 12 Mirage-2000 comprados da França, que estão sendo lentamente ativados em Anápolis (GO), também são inferiores.
A FAB tem como prioridade a compra de novos caças, mas o projeto F-X foi postergado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005. Não há previsão para a retomada.
Apesar disso, Saito enfatizou a necessidade de acelerar os programas já em curso de modernização de aviões de transporte, por exemplo, cuja duração é prevista até 2012.
A queixa de sucateamento das Forças Armadas tem sido constante nos últimos anos, mas a situação da Aeronáutica surpreendeu os deputados, aos quais Saito chegou até a pedir emendas parlamentares para complementar o Orçamento. Não foi abordada a situação dos equipamentos de controle de tráfego aéreo, tema polêmico da crise aérea.
Para 2008, o Orçamento prevê R$ 1,8 bilhão para reaparelhamento nas três Forças. A Aeronáutica tem uma previsão de aumento nos gastos discricionários em comparação com 2007 de R$ 3,6 bilhões.


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