São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

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Malan critica "discurso da mudança"

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em sua última audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, mandou recados para o PT, recebeu homenagens de senadores presentes e rebateu os que o acusam de ser fechado ao debate.
A audiência começou com 22 senadores e terminou com apenas quatro, em um cenário distante dos acalorados debates que sempre marcaram a presença de Malan no Congresso.
Ao PT, o ministro da Fazenda disse que espera a continuidade das políticas monetária, fiscal e cambial. Em outro momento, Malan disse que, se os principais compromissos econômicos forem mantidos pelo novo governo, é possível mostrar que a dívida pública é administrável.
Malan procurou poupar de críticas a área econômica do futuro governo, elogiando as escolhas para os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, para a Casa Civil e para o Banco Central.
"Será um governo comprometido com a racionalidade política e econômica", afirmou. O ministro disse que o combate "efetivo" à pobreza exige "estabilidade macroeconômica e reavaliação da estrutura dos gastos públicos".
Segundo ele, um total equivalente a 21% do PIB (Produto Interno Bruto) do país é investido na área social, mas existe uma parcela desse total que está sendo destinada a pessoas que não são pobres.
Malan criticou os que gostam de afirmar que "é preciso fazer muito mais" em relação à pobreza. Na sua avaliação, o atual governo gastou muito na área social "sem clientelismo e sem fisiologismo".
Outro alvo do ministro foi o "discurso da mudança", e ele citou o pronunciamento de posse da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT). "Ouvimos de uma pessoa que foi eleita para mudar tudo o reconhecimento de que não é possível fazê-lo."
E lembrou que os eleitores do Rio Grande do Sul também votaram "pela mudança". No Estado, o PT, que atualmente ocupa o governo, foi derrotado pelo PMDB nas eleições deste ano.
Ao final, um pouco irritado, Malan também criticou os que reclamam do "pensamento único" da equipe econômica e da sua adesão a idéias neoliberais. "Um bando de papagaios que repetem as coisas sem saber o que estão falando", afirmou.
O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), foi à comissão apenas para elogiar a presença do ministro no Senado nos últimos 11 anos. Ou seja, desde a época em que Malan era negociador da dívida externa. O senador Jefferson Peres (PDT-AM) elogiou o fato de o ministro ser um "homem de convicções".


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