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PERFIL
Tropicalista foi vereador e apoiou FHC em 94
DA REDAÇÃO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Um dos principais nomes da
música brasileira e um dos criadores do Tropicalismo, Gilberto
Passos Gil Moreira, 60, participa
da vida político-partidária desde
1989, quando se elegeu vereador
de Salvador pelo PV. Nos dois
anos anteriores, foi secretário da
Cultura da capital baiana.
O cantor e compositor também
já havia sido sondado outras duas
vezes para assumir um cargo no
governo federal. Em 1987, na gestão de José Sarney, Gil foi cotado
para a pasta da Cultura. Em 1998,
no governo Fernando Henrique
Cardoso, seu nome chegou a ser
cogitado para o Meio Ambiente.
O músico, que em 1994 deu
apoio à candidatura de FHC, neste ano declarou seu voto em Lula
ainda no primeiro turno.
Formado em administração de
empresas pela Universidade de
Salvador, Gil, que começou na
música aos nove anos, tocando
acordeão, conheceu a fama em
1966, ao ser revelado na TV pelo
programa "O Fino da Bossa",
apresentado por Elis Regina -o
que o fez abandonar seu emprego, na Gessy Lever, para assinar
contrato com uma gravadora.
Antes, ele já compunha e fazia
shows, alguns em parceria com
Caetano Veloso, que tinha conhecido em 1962 e que se tornou seu
principal parceiro.
Em 1968, os dois compositores,
influenciados pelo ambiente da
contracultura, que tinha escala
mundial, e por referências da época como o Cinema Novo e o Teatro Oficina, lideraram o movimento tropicalista. Incorporando
a guitarra à MPB, o Tropicalismo
surgiu num quadro de polarização ideológica e ganhou adversários à esquerda e à direita ao explorar com grande dose de irreverência a justaposição de elementos do Brasil arcaico e do Brasil
moderno em suas canções.
Em dezembro, vítimas do AI-5,
Gil e Caetano foram presos em
São Paulo. Soltos na Quarta-feira
de Cinzas de 1969, seguiram para
Salvador. Em julho, Gil partiu para o exílio em Londres, onde ficou
até janeiro de 1972.
O envolvimento de Gil na política teve seu auge em 89, quando o
compositor lançou sua pré-candidatura para a Prefeitura de Salvador e filiou-se ao PMDB, partido
do então prefeito, Mário Kertész,
que o apoiava. Mas seu nome foi
vetado e ele resolveu então disputar uma cadeira na Câmara.
Foi eleito vereador pelo PV com
11.111 votos, tendo sido o mais votado na época. Sua atuação política foi marcada pelas faltas às sessões e pedidos de licenças para
exercer a sua profissão em apresentações no Brasil e no exterior.
Um levantamento realizado pela Câmara Municipal revela que
Gilberto Gil esteve ausente em
63% das sessões plenárias.
(CLÁUDIA CROITOR E LUIZ FRANCISCO)
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