São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

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PERFIL

Tropicalista foi vereador e apoiou FHC em 94

DA REDAÇÃO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Um dos principais nomes da música brasileira e um dos criadores do Tropicalismo, Gilberto Passos Gil Moreira, 60, participa da vida político-partidária desde 1989, quando se elegeu vereador de Salvador pelo PV. Nos dois anos anteriores, foi secretário da Cultura da capital baiana.
O cantor e compositor também já havia sido sondado outras duas vezes para assumir um cargo no governo federal. Em 1987, na gestão de José Sarney, Gil foi cotado para a pasta da Cultura. Em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso, seu nome chegou a ser cogitado para o Meio Ambiente.
O músico, que em 1994 deu apoio à candidatura de FHC, neste ano declarou seu voto em Lula ainda no primeiro turno.
Formado em administração de empresas pela Universidade de Salvador, Gil, que começou na música aos nove anos, tocando acordeão, conheceu a fama em 1966, ao ser revelado na TV pelo programa "O Fino da Bossa", apresentado por Elis Regina -o que o fez abandonar seu emprego, na Gessy Lever, para assinar contrato com uma gravadora.
Antes, ele já compunha e fazia shows, alguns em parceria com Caetano Veloso, que tinha conhecido em 1962 e que se tornou seu principal parceiro.
Em 1968, os dois compositores, influenciados pelo ambiente da contracultura, que tinha escala mundial, e por referências da época como o Cinema Novo e o Teatro Oficina, lideraram o movimento tropicalista. Incorporando a guitarra à MPB, o Tropicalismo surgiu num quadro de polarização ideológica e ganhou adversários à esquerda e à direita ao explorar com grande dose de irreverência a justaposição de elementos do Brasil arcaico e do Brasil moderno em suas canções.
Em dezembro, vítimas do AI-5, Gil e Caetano foram presos em São Paulo. Soltos na Quarta-feira de Cinzas de 1969, seguiram para Salvador. Em julho, Gil partiu para o exílio em Londres, onde ficou até janeiro de 1972.
O envolvimento de Gil na política teve seu auge em 89, quando o compositor lançou sua pré-candidatura para a Prefeitura de Salvador e filiou-se ao PMDB, partido do então prefeito, Mário Kertész, que o apoiava. Mas seu nome foi vetado e ele resolveu então disputar uma cadeira na Câmara.
Foi eleito vereador pelo PV com 11.111 votos, tendo sido o mais votado na época. Sua atuação política foi marcada pelas faltas às sessões e pedidos de licenças para exercer a sua profissão em apresentações no Brasil e no exterior.
Um levantamento realizado pela Câmara Municipal revela que Gilberto Gil esteve ausente em 63% das sessões plenárias.
(CLÁUDIA CROITOR E LUIZ FRANCISCO)


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