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CONGRESSO
PSDB e o PFL querem fixar agora o aumento do salário para R$ 240
Impasse do mínimo emperra votação do Orçamento 2003
JULIANNA SOFIA
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A discussão sobre o valor do novo salário mínimo emperrou ontem a votação da proposta orçamentária de 2003 na Comissão
Mista de Orçamento. PSDB e PFL
não aceitam deixar para o novo
governo a tarefa de fixar o valor
do mínimo e querem um aumento para R$ 240 já no Orçamento.
O parecer final do relator-geral,
senador Sérgio Machado (PMDB-CE), prevê a criação de uma reserva de R$ 4,3 bilhões para cobrir
gastos sociais e garantir um aumento do mínimo dos atuais R$
200 para R$ 240. A iniciativa atende a um pedido do PT, que se recusa a estabelecer o valor agora
para evitar futuras pressões da
oposição por um aumento maior.
Ontem, o relator-geral chegou a
sugerir uma emenda a seu parecer
na tentativa de costurar um acordo entre os partidos e iniciar a votação do Orçamento. A proposta,
apresentada em uma reunião de
líderes, é impedir que os recursos
da reserva sejam utilizados para
outros fins sociais até a sanção da
lei que institui o salário mínimo.
O presidente da comissão, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse que aceitaria a alternativa como forma de avançar nas
negociações. O deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) afirmou,
no entanto, que o partido não
aceita a emenda proposta pelo relator. "O valor do mínimo tem de
estar na lei do Orçamento, e isso é
dever do Congresso."
"Nos anos anteriores, o grande
problema era encontrar recursos.
Neste ano, já encontramos os recursos para aumentar o mínimo.
Isso é um grande avanço", enfatizou Machado. Para ele, o dinheiro
está sendo garantido no Orçamento. Se o PT não o utilizar para
esse fim, terá de arcar com o desgaste político decorrente.
Sem consenso sobre o mínimo,
o relatório de Machado foi lido
ontem à noite, mas só deve ser
discutido e votado hoje -se houver acordo ao longo do dia. Aleluia acredita que a votação do Orçamento no plenário só seja concluída na sexta-feira. De acordo
com o parecer do relator-geral, o
Congresso aumentará em R$ 20,4
bilhões os recursos previstos pelo
Executivo para o novo governo
em 2003. Além dos recursos para
o mínimo de R$ 240, o relatório
de Machado aumenta os recursos
para investimento em 2003 de R$
7,3 bilhões para R$ 13,6 bilhões.
As áreas mais beneficiadas em
relação ao projeto enviado pelo
governo foram urbanismo, habitação e saneamento. A engenharia orçamentária ainda assegurou
que fossem aceitos R$ 8,5 bilhões
em emendas ao Orçamento encaminhadas pelos congressistas.
Para acomodar o aumento de
gastos, o relator-geral reavaliou as
receitas previstas no Orçamento,
verificando um aumento (bruto)
na arrecadação de R$ 24,8 bilhões.
Somente a reestimativa dos números com base no aumento da
inflação gerou uma receita adicional de R$ 16,7 bilhões.
Dos recursos adicionais encontrados pelo relator-geral, no entanto, precisam ser descontadas
transferências constitucionais para Estados e municípios.
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