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MINISTÉRIO PÚBLICO
Associação de promotores faz crítica a Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Conamp (Associação Nacional dos Membros do
Ministério Público), Marfan Martins Vieira, criticou ontem o governo Lula, particularmente o ministro José Dirceu (Casa Civil),
por causa da notícia de articulação de medidas na reforma do Judiciário que podem tirar poder de
atuação do Ministério Público.
"Se ele [Dirceu] mudou de posição de forma tão radical, certamente fez uma mudança ruim,
porque deixou de estar do lado da
sociedade para se perfilar ao lado
de Fernandinho Beira-Mar, Hildebrando Paschoal e Nicolau dos
Santos Neto."
Beira-Mar cumpre condenação
por tráfico internacional de drogas. Paschoal é ex-deputado do
Acre e responde a vários processos criminais. Santos Neto é juiz
aposentado do TRT-SP e foi condenado em primeira instância
por desvio de verbas.
Vieira disse que o ministro "se
apresentava no passado como defensor do Ministério Público". Segundo ele, o então deputado José
Dirceu lhe telefonou em 2000 para prestar solidariedade a uma
mobilização contra medida provisória do governo passado que
criava multa de até R$ 151 mil para punir o promotor que oferecesse denúncia sem fundamento
contra autoridades.
Ele dirigiu a crítica ao ministro
porque o deputado João Fontes
(SE), ao ser expulso do PT, afirmou que vira Dirceu comentar,
em uma reunião da bancada, que
iria trabalhar para diminuir poderes do Ministério Público.
A assessoria da Casa Civil da
Presidência disse que a notícia
não procede porque o governo
não está preparando nenhuma
medida desse tipo. Acrescentou
que, por isso, não havia o que comentar sobre a declaração de
Marfan Martins Vieira
Procurador-geral
Também ouvido pela Folha, o
procurador-geral de Justiça do
Estado de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, demonstrou preocupação, particularmente com a possibilidade de o
STF (Supremo Tribunal Federal)
negar ao Ministério Público o poder de conduzir investigações.
Os ministros do STF estão para
decidir essa questão. Os procuradores e promotores a consideram
essencial para a instituição e argumentam que, se eles podem propor a ação penal, também podem
conduzir a apuração que precede
esse passo. Marrey visitou ministros do Supremo esta semana para conversar sobre o assunto.
Vieira disse ainda que "foi fundamental" o apoio do PT para
barrar iniciativas do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), como a aprovação da Lei
da Mordaça, pela qual juízes,
membros do Ministério Público e
autoridades policiais seriam proibidos de dar informações sobre
investigações em andamento.
Para o presidente da Conamp,
"o Ministério Público fraco, que
não tenha a seu dispor o arsenal
jurídico necessário para defender
a sociedade, só interessa aos que
estão à margem da lei".
(SILVANA DE FREITAS)
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