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São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

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CRIME ORGANIZADO

Ex-policial é acusado de lavagem de dinheiro; defesa vai recorrer

Em MT, Justiça condena Arcanjo a 37 anos de prisão

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

A Justiça Federal em Mato Grosso condenou ontem o ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 52, a 37 anos de prisão por formação de organização criminosa, crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Na mesma sentença, o juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal de Cuiabá, condenou à prisão outras cinco pessoas pelos mesmos crimes e determinou o confisco dos bens do grupo, avaliados em US$ 500 milhões. Cabe recurso à decisão.
Os outros condenados são: o ex-contador Luiz Alberto Dondo Gonçalves (a 26 anos), a mulher de Arcanjo, Silvia Chirata (25 anos), o ex-gerente de factoring Nilson Roberto Teixeira (10 anos), o uruguaio Adolfo Olivero Sesini (13 anos e 8 meses), procurador de uma das empresas de Arcanjo e o ex-gerente de factoring Davi Estevanovick de Souza Bertoldi (9 anos e 4 meses) -no caso de Bertoldi, ele foi condenado apenas por formar organização criminosa e lavar dinheiro.
O advogado João dos Santos Gomes Filho, que representa Arcanjo e a mulher dele, criticou a decisão e vai recorrer. "A sentença não é fruto de prova, mas de um preconceito que se instaurou contra esse cidadão [Arcanjo]."
A Agência Folha não conseguiu localizar ontem os advogados dos demais condenados.
Segundo o juiz, foi a maior perda de bens em favor da União e a maior condenação por lavagem de dinheiro no país. As penas somam 121 anos de prisão. O garçom Edson Marques de Freitas, que colaborou com a Justiça, teve a pena de prisão substituída por prestação de serviços sociais por dois anos e pagamento de R$ 50 ao mês para entidade assistencial.

Movimentação
A organização movimentou, segundo o juiz, cerca de R$ 900 milhões de 1997 a 2001 sem declarar à Receita Federal. O esquema envolveu ainda a Assembléia Legislativa de Mato Grosso, que depositou de 1998 a 2002, segundo um relatório do Banco Central, R$ 65,3 milhões na conta da Confiança Factoring, principal empresa de Arcanjo em Cuiabá (MT).
Arcanjo, que é conhecido como "comendador", está preso junto com a mulher desde abril em Montevidéu por uso de documento falso. Ele, que responde ainda a processos por homicídios e contrabando, foi condenado em junho a sete anos por receptação de armamento contrabandeado e porte ilegal de armas.
O contador Luiz Dondo, que está preso em Cuiabá, condenado a nove anos e dez meses de prisão por lavagem de dinheiro, era sócio de Arcanjo e Chirata na empresa Aveyron S.A, que funcionava em Montevidéu.
Criada em 1995 por Arcanjo, a Aveyron, segundo a Justiça Federal, foi usada no esquema de lavagem de dinheiro.


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