|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRIME ORGANIZADO
Ex-policial é acusado de lavagem de dinheiro; defesa vai recorrer
Em MT, Justiça condena Arcanjo a 37 anos de prisão
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
A Justiça Federal em Mato Grosso condenou ontem o ex-policial
civil João Arcanjo Ribeiro, 52, a 37
anos de prisão por formação de
organização criminosa, crime
contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Na mesma sentença, o juiz Julier Sebastião da
Silva, da 1ª Vara Federal de Cuiabá, condenou à prisão outras cinco pessoas pelos mesmos crimes e
determinou o confisco dos bens
do grupo, avaliados em US$ 500
milhões. Cabe recurso à decisão.
Os outros condenados são: o ex-contador Luiz Alberto Dondo
Gonçalves (a 26 anos), a mulher
de Arcanjo, Silvia Chirata (25
anos), o ex-gerente de factoring
Nilson Roberto Teixeira (10
anos), o uruguaio Adolfo Olivero
Sesini (13 anos e 8 meses), procurador de uma das empresas de
Arcanjo e o ex-gerente de factoring Davi Estevanovick de Souza
Bertoldi (9 anos e 4 meses) -no
caso de Bertoldi, ele foi condenado apenas por formar organização criminosa e lavar dinheiro.
O advogado João dos Santos
Gomes Filho, que representa Arcanjo e a mulher dele, criticou a
decisão e vai recorrer. "A sentença não é fruto de prova, mas de
um preconceito que se instaurou
contra esse cidadão [Arcanjo]."
A Agência Folha não conseguiu
localizar ontem os advogados dos
demais condenados.
Segundo o juiz, foi a maior perda de bens em favor da União e a
maior condenação por lavagem
de dinheiro no país. As penas somam 121 anos de prisão. O garçom Edson Marques de Freitas,
que colaborou com a Justiça, teve
a pena de prisão substituída por
prestação de serviços sociais por
dois anos e pagamento de R$ 50
ao mês para entidade assistencial.
Movimentação
A organização movimentou, segundo o juiz, cerca de R$ 900 milhões de 1997 a 2001 sem declarar
à Receita Federal. O esquema envolveu ainda a Assembléia Legislativa de Mato Grosso, que depositou de 1998 a 2002, segundo um
relatório do Banco Central, R$
65,3 milhões na conta da Confiança Factoring, principal empresa
de Arcanjo em Cuiabá (MT).
Arcanjo, que é conhecido como
"comendador", está preso junto
com a mulher desde abril em
Montevidéu por uso de documento falso. Ele, que responde
ainda a processos por homicídios
e contrabando, foi condenado em
junho a sete anos por receptação
de armamento contrabandeado e
porte ilegal de armas.
O contador Luiz Dondo, que está preso em Cuiabá, condenado a
nove anos e dez meses de prisão
por lavagem de dinheiro, era sócio de Arcanjo e Chirata na empresa Aveyron S.A, que funcionava em Montevidéu.
Criada em 1995 por Arcanjo, a
Aveyron, segundo a Justiça Federal, foi usada no esquema de lavagem de dinheiro.
Texto Anterior: São Paulo: Orçamento de Alckmin para 2004 é aprovado Próximo Texto: Jornalismo: Cobertura da guerra dá Esso à Folha Índice
|