São Paulo, terça-feira, 18 de dezembro de 2007

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Petrobras faz exigências para financiar desfile

A pedido de Lula, estatal vai destinar R$ 6 milhões ao Carnaval no Rio, mas exige ingressos e camarote

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Conclamadas pelo presidente Lula, a Petrobras e duas empresas petroquímicas, Braskem e Unipar, vão patrocinar o desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval do Rio com R$ 12 milhões. A estatal entrará com R$ 6 milhões.
Para dar o patrocínio, porém, a Petrobras negocia contrapartidas da Liga Independente das Escolas de Samba: camarote para cerca de 700 pessoas, ingressos para distribuir a convidados e uso da Cidade do Samba em eventos da estatal.
A Petrobras confirma que aportará os R$ 6 milhões, mas diz que não fechou ainda o contrato, pois acerta com a Liga quais serão as contrapartidas. A companhia diz que quase todos os seus contratos de patrocínio incluem compensações. Segundo a assessoria da estatal, "o foco dos patrocínios é o retorno de imagem" por meio de veiculação da marca da empresa ou por outras ações de marketing.
O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, confirmou à Folha que a Liga irá ceder camarote na Sapucaí para a Petrobras e ingressos em troca do patrocínio. Castanheira afirmou ainda que o apoio deslanchou após o encontro com o presidente Lula. Ele diz também que a negociação foi toda conduzida pela Petrobras, que intermediou a participação das das outras duas empresas.
O vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem, Marcelo Lira, confirmou que a empresa patrocinará a Liesa, mas só divulgará o valor após fechar o contrato. Disse ainda que negocia as contrapartidas. Já a Unipar informou que ainda não há um acerto.
O patrocínio foi acertado no início do mês durante encontro do presidente Lula com dirigentes da Liesa e das escolas, intermediado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral Filho.
Ontem, o prefeito do Rio, Cesar Maia, criticou a exigência das contrapartidas em mensagem distribuída aos leitores de seu ex-blog: "A Petrobras e as escolas de samba: um achaque!" À Folha, Maia disse que é "um absurdo exigir contrapartida". "Afinal: não era doação?"
A Petrobras informou que nunca negociou uma doação às escolas de samba, mas um patrocínio, e que ele é uma "oportunidade para a Petrobras expor sua marca em um evento de visibilidade mundial."


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