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Notícia é boa, mas não final, diz governo
Para lulistas, desistência de Aécio deixa no páreo 2 candidatos com perfil semelhante
Serristas afirmam que é um blefe a avaliação divulgada pelo Palácio do Planalto de que Aécio seria adversário mais complicado para Dilma
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto tentou
caracterizar o anúncio da desistência do governador Aécio Neves como uma "boa notícia",
embora "não definitiva".
Como vinham fazendo ao
longo dos últimos meses, assessores de Lula disseram ontem
preferir José Serra como adversário na disputa da sucessão
presidencial. Afirmaram que
Aécio, apesar de estar atrás nas
pesquisas, teria mais potencial
para crescer, além de supostamente contar com maior simpatia do empresariado.
Em conversas reservadas
-que eram interpretadas pelos
serristas como um blefe-, Lula
costumava dizer que Aécio seria um oponente mais difícil
que Serra para a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Lula dizia que Aécio é simpático e tem jogo de cintura, características ausentes no perfil
de Dilma. Com Serra, a vantagem tucana desapareceria. O
governador paulista, segundo o
Planalto, tem imagem semelhante à de Dilma, de antipático
e pouco agregador.
Agora, segundo um auxiliar
de Lula, o "jogo fica empatado
no perfil dos candidatos", mas
Dilma teria mais a mostrar por
conta dos números do governo.
O Planalto disse ver motivos
para comemorar a forma como
Aécio desistiu. Para auxiliares
de Lula, o mineiro deixou a impressão de que não teve espaço
no PSDB, o que poderá desagradar o eleitorado do Estado.
Segundo um assessor de Lula, Dilma terá de tirar proveito
da situação e falar mais "uai",
expressão típica mineira, para
buscar mais identificação com
os eleitores de Minas -ela nasceu em Belo Horizonte, mas radicou-se no Sul.
Os assessores de Lula com
quem a Folha conversou, porém, não quiseram dar como
certa a candidatura de Serra.
Dizem ainda trabalhar com a
hipótese de recuo do paulista,
caso Dilma suba nas pesquisas
e a economia registre forte
crescimento no início de 2010.
Nesse caso, o governo Lula se
divide quanto ao futuro de Aécio. Um grupo diz acreditar que
sua decisão é definitiva, que ele
não vai aceitar ser lançado em
março, sem tempo para montar alianças. Outro grupo, porém, afirma que Aécio pode estar apenas fazendo uma saída
estratégica e que acabaria topando ocupar o lugar de Serra,
já que ganharia projeção nacional na eleição presidencial.
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