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À ESPERA DO FÓRUM
Acampamento reúne 30 mil pessoas de 60 países, tem moeda própria e coleta seletiva de lixo
"Cidade" de jovens tem costumes livres
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O Fórum Social Mundial tem
uma cidade que não é Porto
Alegre, não conta com poderes
constituídos, fala diversos idiomas, possui moeda própria e é
integrada por habitantes com
média de 25 anos. Os costumes
são, por assim dizer, livres.
Dá para afirmar que os 30 mil
habitantes do Acampamento
Internacional da Juventude,
conhecido como "Cidade das
Cidades", receberão o fórum.
Enquanto o evento ocorre entre os dias 23 e 28, o acampamento funciona oficialmente
de ontem até o próximo dia 29.
Muito do espírito presente
no encontro estará no acampamento, que dá razão tanto a
quem define o fórum como
um convescote hippie-esquerdista quanto a quem o tem como um encontro da esquerda
que busca alternativas para
"um mundo melhor". O Fórum
Social é contraponto ao Fórum
Econômico, de Davos.
Até anteontem, o acampamento tinha 15 mil pessoas, de
60 países, inscritas. Mais de cem
barracas estavam montadas e já
funcionavam os três tipos de coletas de lixo (orgânico, seco e rejeito). A "cidade" se espalha por
250 hectares do Parque da Harmonia, perto do rio Guaíba.
"O acampamento é, na prática, o que o fórum teoriza, com
visão ecológica, autogestão, diversidade respeitada e liberdade.
O coração do fórum está aqui",
diz o estudante argentino Héctor Vivendi, 24.
A cidade, que já conta há duas
semanas com acampados munidos de produtos orgânicos (como sabão e repelente), foi montada por voluntários, profissionais da construção civil e integrantes do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) e do MTD (Movimento
dos Trabalhadores Desempregados). Há 150 banheiros químicos, 15 contêineres com dez chuveiros cada um, 35 chuveiros na
rua e uma estação própria de
tratamento de água.
Foram erguidas salas para leitura e alimentação com paredes
de bambu e palha de arroz e coberturas e pisos de torrões de leiva. Há espaços para shows, conferências, debates e oficinas.
Os latino-americanos pagam
R$ 10 para se alojar. Os europeus, US$ 10. Haverá 300 seguranças que circularão pelo parque devidamente desarmados.
Dentro da cidade, as moedas
são o "sol" (de circulação cotidiana) e a "lua" (para a feira). O
valor: R$ 1. Outras moedas ficam
para o mundo de fora.
No total, são esperadas 100 mil
pessoas para o Fórum Social
Mundial. Elas devem lotar a rede
hoteleira, e muitas estão sendo
acolhidas em casas, a partir da
campanha Hospedagem Solidária, promovida pela Prefeitura
de Porto Alegre até o dia 23. Motéis e hotéis da serra gaúcha
também são procurados.
O orçamento é de R$ 8 milhões. O novo governador gaúcho, Germano Rigotto (PMDB),
cortou os gastos para o evento:
dos R$ 2,7 milhões previstos pelo ex-governador Olívio Dutra
(PT) para R$ 1,8 milhão.
Rigotto quer manter o evento
em Porto Alegre, mas é provável
que a quarta edição, em 2004,
ocorra na Índia. Talvez ele volte
para Porto Alegre em 2005.
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