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Governo alemão quer saber mais sobre a Venezuela
DO COLUNISTA DA FOLHA
A agenda dos encontros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
com os governantes da Alemanha
e da França é aberta, o que significa que cada mandatário escolhe
os temas sobre os quais falar.
Mas, se Lula quiser atender a curiosidade do governo alemão, pode falar sobre a iniciativa brasileira para mediar a crise na Venezuela, "um movimento muito interessante do governo brasileiro",
conforme a Folha ouviu no Ministério alemão de Relações Exteriores.
Poderá falar também do programa Fome Zero, outra curiosidade, e sobre a sua visão a respeito
da crise argentina.
Para a diplomacia alemã, é importante dinamizar as negociações entre o Mercosul e a União
Européia para criar uma zona de
livre comércio, que seria paralela
à Alca (Área de Livre Comércio
das Américas).
Mas a dinamização só acontecerá se a Argentina sair da crise.
Do ponto de vista da diplomacia
brasileira, já pode ser dado como
atingido o objetivo central das visitas sucessivas a Paris e a Berlim,
logo após a estada em Davos.
Mensagem
"Trata-se de demonstrar que as
prioridades que o governo concede a seus vizinhos latino-americanos e aos Estados Unidos, simbolizadas pelas viagens do presidente antes da posse, não são excludentes em relação ao nosso grande interesse pela Europa", diz o
chanceler Celso Amorim.
Mensagem já entendida pela
Alemanha. A passagem de Lula
por Berlim e Paris "mostra perfeito equilíbrio na política externa
brasileira vis-a-vis seus vizinhos
da América Latina, os Estados
Unidos e, agora, a Europa", diz
Uwe Kaestner, embaixador alemão em Brasília.
Há sintonia também entre o desejo de Lula, a ser reiterado em
Davos e nas duas capitais a visitar,
e a percepção do embaixador da
Alemanha.
Lula dirá que quem quer ser
parceiro do país deve retomar
imediatamente os investimentos
e os financiamentos para o país. O
embaixador Kaestner emenda:
"Temos que reanimar o investimento alemão no Brasil".
O curioso é que Paris e Berlim
manifestaram idêntico empenho
na visita de Lula e em tratá-lo carinhosamente, embora as relações
dos respectivos governos com o
PT sejam bem diferentes.
Lula é tido como amigo pelo
presidente alemão Johannes Rau,
que conheceu o mandatário brasileiro quando governava o Estado de Renânia do Norte-Vestfália.
Tem amigos também no movimento sindical alemão e no partido governante, o SPD (Social Democrata).
Já na França, o governo está em
mãos de um partido em tese conservador, e não dos socialistas ligados ao PT. Não obstante, o presidente Jacques Chirac mandou
carta a Lula, entregue pelo seu representante na cerimônia de posse, propondo uma "aliança estratégica" entre os dois países.
Os alemães oferecem coisa parecida. É razoável supor que nas
conversas com os governantes
franceses e alemães se especifique
mais como será essa aliança no futuro.
Até agora, o programa de Lula
prevê apenas encontros com o
primeiro-ministro Gerhard
Schroeder e o presidente Rau, na
Alemanha, e seus congêneres
franceses, Jacques Chirac e o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin.
Mas há brechas para incluir outros interlocutores.
(CLÓVIS ROSSI)
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