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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS BINGOS
Além de Jorge Levi Mattoso e 3 empresas, relatório inclui 33 envolvidos no caso GTech, como Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor de Palocci
CPI pede indiciamento de presidente da Caixa
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), apresentou ontem relatório
parcial sobre o caso GTech pedindo o indiciamento de três empresas e 34 pessoas, incluindo o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Levi Mattoso, e Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor do ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda).
A principal acusação do relatório é que houve negociação e pagamento de propina para renovação do contrato da multinacional
GTech com a Caixa em 2003 para
a exploração de loterias. Segundo
o relatório, teriam sido pagos ainda, de 1997 a 2004, R$ 556 milhões
a mais do que o devido.
Ademirson foi acusado de formação de quadrilha pelo relator.
Por não ter conseguido interrogar
Palocci nem o ex-deputado José
Dirceu (PT-SP), a CPI não apresentou "qualificação da conduta
dos mesmos", disse Garibaldi.
No relatório, porém, o senador
frisa que ambos ainda são investigados pela CPI, em outros casos,
por suspeita de caixa dois para
campanhas eleitorais, lavagem de
dinheiro e ligação com o crime organizado da área de jogos.
Houve pedido coletivo de vistas
ao relatório. Com isso, a votação
ocorrerá só na próxima quarta.
Garibaldi pediu o indiciamento
de Mattoso por prevaricação (deixar de cumprir a obrigação ao não
impedir o crime), improbidade
administrativa e crime contra o
procedimento licitatório. Ademirson também foi acusado dos
dois últimos e de formação de
quadrilha e corrupção passiva.
Na segunda, a Folha publicou
que Ademirson seria indiciado.
Garibaldi disse que seria por tráfico de influência, mas afirmou que
ainda haveria alterações.
Foi pedido ainda o indiciamento de duas pessoas ligadas a Palocci. Vladimir Poletto, ex-funcionário da Secretaria de Fazenda de
Ribeirão Preto (2001), e Rogério
Buratti, ex-secretário de Governo
da Prefeitura de Ribeirão Preto
(1993). Nas duas ocasiões, Palocci
era o prefeito da cidade.
A CPI também atingiu dois ex-presidentes da Caixa no governo
Fernando Henrique (1995-2002).
Foram pedidos indiciamentos de
Sérgio Cutolo (de 1995 a 1999) e
Emílio Carazzai (1999 a 2002).
Propina
A renovação do contrato da
GTech com a Caixa ocorreu em
abril de 2003, no início do governo Lula. O contrato, de R$ 650 milhões, foi assinado para operação
de loterias da Caixa, ou seja, registro de apostas. Desde 1997, a Caixa terceiriza a serviço, por isso Carazzai e Cutolo, ex-presidentes,
foram responsabilizados.
Dois personagens de diferentes
crises no governo, também com
pedidos de indiciamento pela
CPI, aparecem no caso: Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa
Civil de 2003 a 2004, e Buratti, o
ex-secretário de Palocci que, em
agosto passado, acusou o ministro de receber propina quando
era prefeito, em 2001 e 2002.
Segundo o diretor da GTech
Marcelo Rovai e o ex-presidente
da empresa Antônio Carlos Lino
da Rocha -ambos com pedidos
de indiciamento-, Buratti e
Waldomiro tentaram extorquir
R$ 6 milhões para permitir renovação do contrato. Segundo Buratti, a GTech ofereceu, por meio
dele, até R$ 16 milhões ao PT em
propina, mas Palocci não aceitou.
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