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JANIO DE FREITAS
No centro do jogo
O interesse dos jornalistas
está concentrado na competição entre Geraldo Alckmin e José Serra, mas o que se passa no
PMDB está muito mais interessante. Enquanto os caciques do
PSDB ativam a veia autoritária
do seu elitismo e depositam a escolha do candidato nas mãos de
três ou quatro eminências do partido, no PMDB a coisa começa pelo embate entre os favoráveis à
candidatura própria e os adeptos
de aliança, estes, por sua vez,
opondo-se nas preferências pelo
PT ou pelo PSDB. E a coisa continua com a programada prévia
para escolha, pelo corpo partidário como convém nas democracias, entre os pré-candidatos. Mas
não param aí as incógnitas interessantes do PMDB que procura
restaurar sua grandeza.
Um dos principais ingredientes
da fermentação peemedebista é o
mistério Anthony Garotinho. Todos sabem do seu trabalho intenso pelo país afora, mas ninguém
sabe que forças Garotinho atraiu,
para a prévia ou para a convenção. Com programa diário, ao
que consta, em quase 200 rádios,
o seu populismo religioso e a habilidade para dar-lhe sentido político, já demonstrada no Rio, não
aparentam efeito nas instâncias
mais altas e tradicionais do peemedebismo, mas ninguém nega a
possibilidade de influência em
outras representações do partido.
Ninguém nega e muitos temem.
Germano Rigotto, que está se
inscrevendo para a disputa das
prévias, entra na corrida com credenciais fortes. Foi bom parlamentar, quebrou a hegemonia do
PT no Rio Grande do Sul, onde
governa com desempenho bem
avaliado dentro e fora do Estado,
e desfruta no peemedebismo autêntico de um conceito alto. O governador pernambucano Jarbas
Vasconcellos, por exemplo, embora as solicitações para inscrever-se nas prévias, já comunicou que
prefere apoiar Rigotto.
Para primeiro capítulo, o
PMDB já montou uma boa cena,
com aliancistas e autonomistas
desenvolvendo um confronto que
lança reflexos poderosos também
nas perspetivas políticas de vários
Estados. São Paulo, por exemplo.
Onde um bom acerto do PMDB
implicaria a possibilidade de levá-lo ao governo estadual e, com
isso, esvaziar a força eventualmente adquirida pelo PFL graças
à saída de Alckmin ou de Serra ou
de ambos.
O lançamento de candidato
peemedebista à Presidência, se
confirmado, frustrará a principal
meta dos arranjos reeleitorais de
Lula: o acordo PT-PMDB. Na melhor das hipóteses, restariam alguns acertos, tidos no Planalto como muito prováveis, com seções
estaduais do PMDB. Mas, das que
são citadas, nenhuma é provável
de fato, pelo contrário.
O PMDB está posto em terceiro
plano, no panorama mais difundido, mas está no centro do jogo
político em curso. No mínimo,
com interrogações que distribuem inquietação para todos os
lados, dado o potencial decisivo
das respostas em preparação.
Em tempo
A denúncia de captações fraudulentas de dinheiro para o PT,
feita publicamente há quase dez
anos e agora reproduzida, na CPI
dos Bingos, por Paulo de Tarso
Venceslau, é muito coerente com
tudo o que já se soube e com o que
se pode deduzir das práticas financeiras na cúpula petista.
Na ocasião da denúncia, Paulo
de Tarso deu-lhe temperos emocionais que prejudicaram o seu
teor, sobretudo pelo confronto
com a imagem então tida por Lula e extensiva ao PT. Dele recebi,
na época, uma carta queixosa de
acusações que não fiz e que assim
me sugeriu o estado de exaltação
de Paulo Tarso, levado talvez pela
desigualdade de seu embate com
os expoentes do PT.
A solução do confronto está vindo agora. E não é tarde.
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