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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES
Se relator mantiver tendência de seu partido, o PP, e recomendar absolvição do petista, deputados vão articular acordo para derrubar relatório
Conselho ameaça barrar parecer pró-Luizinho
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes do Conselho de Ética da Câmara articulavam ontem,
nos bastidores, um acordo para
derrubar o parecer do processo de
cassação do deputado Professor
Luizinho (PT-SP) se o relator do
caso, Pedro Canedo (PP-GO),
confirmar sua decisão pela absolvição do petista.
O parecer de Canedo será apresentado hoje à tarde, após a leitura do relatório sobre o caso de Roberto Brant (PFL-MG), o segundo
da fila dos 11 processos de cassação de parlamentares envolvidos
no escândalo do "mensalão".
Segundo integrantes do conselho, o primeiro parecer do dia,
elaborado pelo deputado Nelson
Trad (PMDB-MS), recomendará
a perda do mandato de Brant por
uso de caixa dois em campanha.
O segundo, sobre o caso de Luizinho, permanece em aberto.
Pressionado de um lado pelo
conselho e de outro por seu partido, Pedro Canedo buscava uma
saída para o impasse. Consultou
membros do conselho e o corregedor da Câmara, Ciro Nogueira
(PP-PI), em busca de amparo jurídico para recomendar pena
mais branda a Luizinho.
A tendência é que siga a orientação do partido, que tem três deputados ameaçados de cassação
-Pedro Corrêa (PE), Pedro
Henry (MT) e Vadão Gomes
(SP)-, e peça a absolvição de
Luizinho, incluindo no parecer
recomendação pela suspensão do
mandato do petista.
Primeiro deputado do PT a ser
julgado após a cassação de José
Dirceu (PT-SP), Luizinho é acusado de ser beneficiário de R$ 20 mil
do esquema montado por Marcos
Valério de Souza. O dinheiro foi
sacado por um assessor do seu gabinete. O petista diz que não sabia
da operação e que os recursos
abasteceram campanhas de vereadores do PT no ABC paulista,
sua base eleitoral.
O argumento do relator para
poupar o petista é que ele não tomou conhecimento dos saques e
não usou o dinheiro em causa
própria. No fim de 2005, Canedo
votou contra o pedido de cassação de Romeu Queiroz (PTB-MG), que admitiu caixa dois.
Ontem, o pepista foi alertado
por três membros do conselho de
que, se mantiver a disposição de
poupar Luizinho, terá o parecer
rejeitado. Se o relatório não for
aprovado, um integrante do conselho apresentaria um parecer alternativo pela cassação, que, se tiver maioria de votos, vale como
conclusão do processo.
Em conversa com aliados nos
corredores da Câmara, Luizinho
dava como certa sua absolvição e
chegou a afirmar que não falaria
para Ângela Guadagnin (PT-SP),
única petista no conselho, pedir
vista do relatório, o que adiaria a
votação para a próxima semana.
Amanhã, o conselho votará o
relatório que pede a cassação de
Wanderval Santos (PL-SP). A tendência é que seja aprovado.
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