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Fiéis da Universal entram na Justiça contra a Folha
Procurada pela reportagem, a igreja não se manifestou
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o início desta semana,
28 fiéis da Igreja Universal do
Reino de Deus (Iurd) entraram
na Justiça com ações individuais contra a Empresa Folha
da Manhã S.A., que edita a Folha.
Apesar de os processos serem independentes -cada um
tramita numa determinada cidade ou Estado-, todos os fiéis
alegaram judicialmente terem
se sentido ofendidos pela reportagem "Universal chega aos
30 anos com império empresarial", publicada pela Folha em
de 15 de dezembro.
Procurada pela reportagem
desde anteontem, a Igreja Universal do Reino de Deus não se
pronunciou. A reportagem telefonou nos dois dias e enviou
e-mail com perguntas para o
departamento jurídico da igreja, conforme indicação da assessora de imprensa.
A reportagem é da jornalista
Elvira Lobato, que também foi
citada nas ações de indenização por danos morais.
No texto, a repórter relatou
que, em 30 anos de existência,
a Igreja Universal construiu
um conglomerado empresarial
em torno do grupo. Lobato informou que uma das empresas
da Iurd, a Unimetro, está ligada
à Cableinvest, registrada no paraíso fiscal da ilha de Jersey, no
canal da Mancha.
"O elo aparece nos registros
da empresa na Junta Comercial de São Paulo. Uma hipótese é que os dízimos dos fiéis sejam esquentados em paraísos
fiscais", informou a repórter.
Semelhanças
Nos processos, os 28 fiéis
sustentaram que a reportagem
"insinuou" que os membros da
igreja são pessoas inidôneas e
que o dízimo pago por eles é
produto de crime.
Todos os textos são muito
parecidos, com parágrafos e citações bíblicas idênticas.
Por exemplo, o processo movido pelo pastor Nalcimar Estevam Araújo, de Jaguarão
(RS), por meio da advogada
Maristela Carvalho de Freitas,
tem 23 parágrafos idênticos ao
iniciado por Ailton Cantuário
da Silva, de Catolé do Rocha
(PB), que é defendido pela advogada Kaline Gomes Barreto.
Até mesmo o dano narrado
pelas partes é idêntico:
"O autor [da ação] passou a
ser apontado por seus semelhantes com adjetivos desqualificantes e de baixo calão, além
de ser abordado com dizeres do
tipo: "Viu só! Você que é trouxa
de dar dinheiro para essa igreja!" "Esse é o povo da sua igreja!
Tudo safado!!" "Como é que você continua nessa igreja? Você
não lê jornal, não?" "É. Crente é
tudo tonto, mesmo.'"
Em todos os demais processos, cada um dos fiéis também
diz ter ouvido exatamente as
mesmas frases provocativas.
Na grande maioria, as ações
foram abertas em cidades pequenas, como Santa Luzia (PB),
Cajazeiras (PB), Bom Jesus da
Lapa (BA), Canavieiras (BA),
Bataguassu (MS), Alegre (ES) e
Barra de São Francisco (ES).
"Nenhum dos autores foi
mencionado na reportagem e
não há referência negativa nem
aos fiéis da religião nem à Igreja
Universal. Não houve nenhum
abuso do direito de informação.
Sei que sairemos vencedores
nessa discussão", afirmou a advogada Taís Gasparian, que representa a Folha.
Os e-mails enviados à Iurd
não foram respondidos até o
fechamento desta edição. No
fim da tarde de ontem, a assessoria disse que "achava" que a
igreja não se manifestaria.
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