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CRISE NA BASE
Parente (Casa Civil) diz que posição de FHC "não é segredo"
Planalto vai vetar eventual
salário mínimo de US$ 100
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso vetará um salário
mínimo equivalente a US$ 100 se
o Congresso decidir aprovar esse
tipo de reajuste. O ministro Pedro
Parente (Casa Civil) disse que
"evidentemente, o presidente veta" um aumento para o salário
mínimo que seja "incompatível
com o equilíbrio fiscal".
"Isso não é segredo", disse Parente. O "Jornal de Brasília" trouxe em sua edição de ontem uma
entrevista com FHC. Nela, o presidente afirma: "Eu veto (o salário
mínimo equivalente a US$ 100)
(...) O aumento do salário mínimo aumenta o rombo da Previdência. Isso obriga a subida das
taxas de juros e barra a retomada
do crescimento econômico".
O salário mínimo hoje é de R$
136. O PFL está defendendo um
reajuste que eleve o valor para
cerca de R$ 180, o que seria equivalente hoje a US$ 100.
O valor do salário mínimo é fixado em lei. Todos os anos, o assunto é discutido em abril, quando o governo envia uma medida
provisória para o Congresso, estipulando algum reajuste. O novo
valor passa a vigorar em maio.
Os benefícios da Previdência
Social são vinculados ao salário
mínimo. Como o pagamento de
aposentadorias e pensões causa o
maior déficit do governo, todo
aumento do mínimo gera um
rombo maior nas contas públicas.
Nos últimos anos, o governo
concedeu reajustes próximos ao
da inflação registrada nos 12 meses anteriores ao aumento. Essa
pode ser a regra adotada neste
ano também, segundo Parente.
"Mas nada está decidido ainda.
Nós gostaríamos de dar o maior
aumento possível e isso será estudado. Mas não podemos fazer
vinculação com o dólar, uma
moeda estrangeira, mesmo porque as pessoas que ganham o salário mínimo não consomem
bens com preços cotados dessa
forma", afirmou Parente.
Para o ministro da Casa Civil, o
aumento para o equivalente a
US$ 100 "é completamente indevido, depois de tanto tempo que
foi gasto para estabilizar a economia". Esse tipo de reajuste, afirma, "seria como dar com uma
mão e retirar com a outra", pois
haveria aumento da inflação.
Como não se trata apenas de
um assunto técnico e econômico,
mas sim uma disputa política envolvendo o PFL contra os outros
partidos da base governista, a Folha perguntou a Parente se o presidente estava preparado para assumir o desgaste de um veto.
Parente respondeu: "Tem de fazer uma separação do que é movimento político e do que realmente a posição que os partidos tomarão durante uma votação. Eu não
sou político, mas não acredito que
um projeto assim seja votado.
Nós ainda não podemos extrair
conclusões definitivas dessas manifestações (dos pefelistas)".
Sobre o fato de o presidente do
Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), estar dando
apoio ao reajuste, Parente disse
que ainda não conhecia inteiramente a posição do senador.
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