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BRASIL PROFUNDO
Apór falar com Lula, ministro dos Direitos Humanos diz ter desistido no aeroporto; é a quinta morte desde
sábado
Morte no Pará faz Nilmário adiar ida à China
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário especial dos Direitos Humanos da Presidência da
República, Nilmário Miranda,
adiou ontem a viagem de intercâmbio que faria à China, país notório violador de direitos fundamentais, ao saber do quinto assassinato ocorrido no Pará desde sábado, quando foi morta a missionária norte-americana Dorothy
Stang, naturalizada brasileira.
Segundo Nilmário, ele estava no
aeroporto de Brasília prestes a
embarcar quando recebeu a notícia do homicídio de um líder sindical. De lá, telefonou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
sempre segundo a assessoria do
ministro, e ambos concordaram
em adiar a viagem. A nova data
ainda não está definida e foi informada ao embaixador Jiang Yuande por Lula ontem.
As críticas à visita de Nilmário à
China, prevista desde o ano passado, tornaram-se mais fortes
nesta semana com os assassinatos
no Pará e a morte de dois sem-teto em Goiânia na quarta-feira. A
notícia da morte de ontem, porém, parece não se inserir nas disputas de terra.
Briga de família
Segundo a assessoria de imprensa do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária), o sindicalista Jailson da
Silva morreu na quarta-feira em
Altamira após uma briga de família. Essas informações foram apuradas pela Ouvidoria Agrária Nacional tomando como fontes as
polícias Federal, Civil e Militar.
O desencontro de informações
é comum em casos como esse. O
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) divulgou
ontem no Rio de Janeiro uma versão diferente do episódio. "Outra
liderança de trabalhadores rurais
foi assassinada por pistoleiros na
manhã de hoje (18) no Pará", diz
trecho da nota divulgada pelo
MST ontem.
Após confirmar a mesma informação com cinco fontes diferentes, o ministro aceitou a versão de
que o crime não guarda relação
com conflitos de terra. "Mesmo
tendo informação de várias fontes, por excesso de zelo, o corpo
foi necropsiado em Belém. Ele teria participado de um crime anos
atrás, uma questão que foi resolvida agora, entre famílias."
Críticas
As críticas à viagem se baseiam
principalmente no fato de a China
não observar direitos fundamentais, mantendo campos de trabalho forçado, pena de morte e tortura por agentes públicos.
Nilmário afirma que está apenas dando "prosseguimento ao
diálogo" iniciado em 1997 por seu
antecessor José Gregori, no governo Fernando Henrique Cardoso.
(IURI DANTAS)
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