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BRASIL PROFUNDO
Família se escondeu após ter visto movimentação em fazenda e ouvido conversa sobre a morte da freira, diz polícia
Polícia encontra 4 testemunhas na mata
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ANAPU (PA)
Depois de seis dias fugindo pelas matas de Anapu (oeste do Pará), quatro pessoas de uma mesma família, que testemunharam a
preparação da fuga dos acusados
de matar a freira Dorothy Stang,
foram localizadas ontem.
Os quatro trabalhavam nas terras de Vitalmiro Bastos de Moura,
suposto mandante do assassinato, e disseram ter visto a movimentação do fazendeiro e de seu
funcionário Amair Feijoli da Cunha -intermediador do crime,
segundo a polícia- para tentar
fugir da região em um avião.
A freira foi morta na manhã do
dia 12. No mesmo dia, a família teria presenciado a entrada e a saída
de veículos da fazenda de Moura e
ouvido conversas sobre o crime.
Com medo de serem mortos,
Luiz Heleno Nunes da Costa, 34, e
Francimone Nunes, 27, fugiram
no domingo para o mato, deixando em seu barraco cinco filhos e
um sobrinho, com idades de 1 a 12
anos. Orlando Paulo Nunes da
Costa, 53, e Milibete Costa, 33,
respectivamente pai e irmão de
Luiz Heleno, os acompanharam.
Eles disseram ter andado sem
parar pelo mato durante esses seis
dias, alimentando-se de água da
chuva, coco e babaçu. Ontem, foram achados na estrada Transamazônica, a 10 km de Anapu.
A Polícia Civil do Pará anunciou
ontem que o autor dos disparos
que mataram Dorothy Stang foi o
suposto pistoleiro Rayfran das
Neves Sales, apelidado de Fogoió,
que está foragido.
Seu retrato falado já havia sido
divulgado, mas a polícia dizia que
ele se chamava José Maria Ferreira. "Se déssemos o nome certo,
atrapalharia as investigações",
disse o delegado Waldir Freitas.
Ontem, a polícia também divulgou a foto do acusado, que é goiano e nascido em 1976. Ele foi reconhecido por pelo menos duas testemunhas -uma disse ter presenciado a morte da missionária.
A Polícia Federal anunciou ontem que pode efetivar até amanhã
as prisões dos quatro acusados
pela morte de Dorothy.
Com base em informações de
inteligência, o delegado da PF Ualame Fialho Machado afirmou
que Vitalmiro e Amair podem se
entregar nas cidades de Belém
(PA) ou Vitória (ES), onde teriam
parentes. Machado disse que ainda busca Uilquelano de Souza
Pinto e Fogoió nas matas de Anapu. Se algum deles for preso, será
deslocado para Altamira.
Tanto a PF como a Polícia Civil
estão trabalhando em Anapu em
locais provisórios, que não dispõem de celas para abrigar os presos. Celas só existem na 3ª Companhia da Polícia Militar, onde estão alojadas duas testemunhas do
caso, mantidas sob proteção.
Ontem, os policiais fizeram buscas por terra e ar, com apoio das
tropas militares da 23ª Brigada de
Infantaria de Selva de Marabá.
Outras pistas que a polícia possui são duas camionetes: uma estava numa fazenda próxima ao local do crime, de onde uma testemunha disse ter visto partir um
avião, e outra foi localizada perto
do local onde a religiosa foi morta.
De acordo com o delegado Waldir Freitas, os carros são de Vitalmiro e de Amair.
A informação do DAC (Departamento de Aviação Civil) de que
um avião fez um plano de vôo para Anapu no dia em que a missionária foi morta também é investigada pela PF.
O trabalhador rural L.M.B.
prestou depoimento à polícia no
dia 16 dizendo ter visto, de seu lote, a decolagem. A suspeita era
que dois dos quatro acusados pelo crime teriam utilizado a aeronave para fugir.
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