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Suplente de senador da PB enfrenta duas ações penais
Cavalcanti é acusado de corrupção ativa, uso de documento falso e apropriação indébita
Segundo Ministério Público, ele obteve a redução ilegal de dívidas de sua empresa com a União de R$ 4,4 mi para apenas R$ 38,7 mil
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário paraibano Roberto Cavalcanti (PRB), suplente que deve assumir a vaga
de senador deixada por José
Maranhão (PMDB), enfrenta
pelo menos duas ações penais
na Justiça, sob acusação de ter
causado prejuízos aos cofres
públicos. Maranhão foi empossado ontem governador da Paraíba, após a cassação do tucano Cássio Cunha Lima.
Cavalcanti, que será o 15º suplente a integrar a atual composição do Senado, responde a
um processo na Justiça Federal
por corrupção ativa e uso de documentos falsos. O caso, que
está na 3ª Vara da Justiça Federal da Paraíba, é conhecido no
Estado como o "escândalo da
Fazenda Nacional". Por causa
do foro privilegiado, os processos vão agora ao Supremo.
Cavalcanti é sócio e foi um
dos diretores da Polyutil - Indústria e Comércio de Materiais Plásticos. A Polyutil, segundo acusação do Ministério
Público Federal, usou ex-procuradores da Fazenda Nacional
da Paraíba para reduzir ou cancelar ilegalmente débitos tributários referentes a 32 inscrições na Dívida Ativa da União.
Dessa forma, o débito da empresa foi reduzido, sem motivos e de forma irregular, diz a
denúncia, passando de R$ 4,4
milhões para apenas R$ 38,7
mil. A redução ocorreu em
1997, 1998 e 1999.
A Procuradoria diz que os
servidores promoveram alterações no sistema de informática
da Dívida Ativa da União. Alguns débitos foram reduzidos
para 10% do valor, outros, para
1%, e alguns, para 0,1%. Segundo a denúncia, após as reduções, a empresa efetuou os pagamentos, o que permitiu a "regularização" da sua situação.
Maranhão chegou a ser listado como testemunha de defesa
do seu suplente, mas o advogado de Cavalcanti diz que preferiu substituí-lo por uma testemunha técnica. A defesa diz
que ele não pode ser acusado
pelos crimes. "Não é crível que
o diretor-presidente de uma
empresa não tenha conhecimento da redução de débito tributário de R$ 4.438.728,44 para o valor de R$ 38.754,72", rebate o Ministério Público.
De acordo com os procuradores, a empresa utilizou a certidão negativa de débito falsa obtida na fraude para conseguir
empréstimos. Em 2006, a Justiça Federal da Paraíba condenou Antônio Tavares de Carvalho, Antônio Carlos Costa Moreira da Silva (ambos ex-procuradores da Fazenda Nacional),
Ricardo Cézar Ferreira de Lima, Edson de Mendonça Rocha
(dois ex-servidores do órgão) e
José Ronaldo Alves Teixeira
(comerciante que foi acusado
de intermediar as negociações),
por envolvimento no esquema.
O caso envolveu 88 empresas
e pessoas físicas. Após a descoberta, a Procuradoria da Fazenda Nacional reativou os débitos
que totalizavam R$ 112 milhões, segundo a assessoria do
Ministério Público.
Cavalcanti também responde a um processo por apropriação indébita. Sua empresa é
acusada de recolher impostos
sobre salários e 13º, mas não repassá-los ao INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social).
Quando foi candidato a suplente em 2002, Cavalcanti declarou bens de R$ 100.134,24.
Mais valiosas eram as ações da
Polyutil (R$ 50.824). Ele declarou ainda duas fazendas, que
somavam 450 hectares em
Monteiro (PB), no cariri paraibano, avaliadas em R$ 9.200.
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