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REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO
Pedido de urgência da votação da CLT será retirado
Governo tenta votar CPMF com oposição e parte do PFL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A fim de assegurar a votação da
emenda constitucional que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), prevista para hoje, o
governo decidiu aceitar duas exigências feitas pela oposição: retirar o pedido de urgência para a
votação do projeto que modifica a
CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho), em tramitação no Senado, e aceitar a cobrança de uma
alíquota simbólica de 0,08% para
o imposto em 2004.
Além disso, desencadeou uma
ofensiva para garantir pelo menos
alguns votos avulsos do PFL, caso
a sigla, mais uma vez, resolva boicotar a votação. O vice-presidente
da República, Marco Maciel, está
à frente da operação.
O Planalto se diz convencido de
que os líderes pefelistas cumprirão a palavra empenhada de votar
hoje a emenda da CPMF, mas tomou precauções.
O secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio, classificou o
acordo com a oposição como de
"alto nível". Segundo ele, o PT
apresentou uma proposta "ideológica" aceitável. "Esse era o preço
a pagar." Para votar a emenda em
segundo turno, na Câmara, a proposta da oposição é a aprovação
de uma alíquota simbólica para a
CPMF em 2004. Em 2003, o imposto do cheque teria a alíquota
cobrada atualmente -0,38%.
Se o PFL criar problemas no Senado, o governo tentará rachar a
bancada e, com o apoio de PMDB,
PSDB, PPB, PTB e oposição, votar
a prorrogação.
No primeiro turno na Câmara, a
oposição foi favorável à emenda
da CPMF. Mas, aproveitando a
crise na aliança PSDB-PFL, condicionou seus votos no segundo
turno à retirada da urgência na
votação da CLT. A votação do
projeto está parada há duas semanas. Cada semana de atraso representa cerca de R$ 400 milhões a
menos no caixa do governo.
Hoje ou amanhã, o presidente
do PSDB, deputado José Aníbal
(SP), deve procurar o presidente
do PFL, Jorge Bornhausen (SC),
para tentar dar início a um processo de distensão entre os dois
partidos. No Planalto, a avaliação
é que é imprescindível que a relação com os pefelistas seja normalizada, para dar governabilidade a
FHC no final do seu mandato.
Ministros e líderes governistas
foram acionados para tentar garantir quórum alto na sessão de
hoje, para facilitar a votação.
Para aprovar a emenda são necessários três quintos dos votos
-308 de 513 deputados.
A crise na base governista foi
provocada pela operação da Polícia Federal na Lunus, empresa de
Roseana Sarney (MA).
(RAYMUNDO COSTA e KENNEDY ALENCAR)
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