|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO
Governadora pefelista diz ser vítima de investigações porque "o poder se sentiu atingido"
Roseana diz não ser da "corriola" de FHC
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PIRAPEMAS
E CANTANHEDE
A governadora Roseana Sarney
(PFL) usou ontem inaugurações
no interior do Maranhão para endurecer o discurso contra o governo federal, chegando a afirmar, inclusive, que está tendo sua
vida investigada porque não faz
parte da "corriola do Planalto".
"Uma governadora do Nordeste, mulher, que não tem grupos
econômicos fortes atrás dela, uma
governadora que não faz parte da
corriola do Planalto, uma governadora que só trabalha e que tem
80% de aprovação em seu Estado... é evidente que o poder se
sentiu atingido", disse para as cerca de mil pessoas que assistiram,
em Cantanhede, à solenidade de
inauguração de uma estrada.
"Corriola", segundo os dicionários, significa "bando" ou "quadrilha". Nos dois discursos que
fez, em Pirapemas e Cantanhede
(a cerca de 150 km de São Luís),
Roseana cobrou investigação
também contra os outros presidenciáveis e voltou a dar sinais de
que vai optar mesmo pela candidatura ao Senado e desistir de
concorrer ao Planalto.
Informado sobre as declarações
de Roseana, o secretário-geral da
Presidência, Arthur Virgílio, disse
apenas: "Compreendo que ela esteja passando por um momento
difícil. Isso [a declaração" não retira um pingo da consideração
que o presidente tem por ela".
Os discursos de ontem foram os
mais duros de Roseana desde a
ação que a Polícia Federal realizou
na empresa Lunus, no último dia
1º, e ocorrem dois dias antes da
possível fala do ex-presidente José
Sarney (PMDB-AP) na tribuna do
Senado, quando se esperam mais
ataques ao governo. Roseana e
seu marido, Jorge Murad, são sócios da Lunus. Para os pefelistas, a
operação policial foi arquitetada
pelo Planalto. O PSDB nega.
Caravana
Roseana saiu de São Luís seguida de uma caravana e parou várias vezes no caminho para visitar
escolas ou a população local. Seu
primeiro discurso ocorreu em Pirapemas, onde cerca de 500 pessoas, segundo a polícia, a receberam com estouro de fogos.
A pefelista disse que não há corrupção em sua administração e
que nunca recebeu dinheiro de
origem ilícita no seu governo. Na
ação na Lunus, foi apreendido R$
1,34 milhão. Murad assumiu para
si a responsabilidade pelo dinheiro, afirmando que ele seria usado
durante a campanha.
"Nunca nos deram dinheiro,
nosso governo não tem corrupção. Querem jogar lama em nosso
governo, mas o povo do Maranhão nos conhece", disse Roseana
em um palanque improvisado.
Ela classificou a ação da PF como fruto de uma "trama" urdida
pelo "poder oculto", que teria se
sentido ameaçado. E disse que
gostaria que fosse dado aos "outros candidatos" o mesmo tratamento dispensado a ela. "Se forem procurar lá fora, encontrarão
muita coisa", afirmou.
Depois, foi para Cantanhede
-a estrada beneficia os dois municípios-, onde a pefelista discursou de cima de um trio elétrico
para cerca de mil pessoas.
Roseana disse que se dispôs a
ser candidata por insistência do
PFL e que, ao passar dos 20% nas
pesquisas, teria sido vítima do
que chamou de "armação". "Quero meu atestado de honestidade."
Dando a entender que só lhe
restou a alternativa de disputar o
Senado, disse que só pode "contar" com o povo do Maranhão. "É
o único com quem eu posso contar, porque me conhece, não são
essas outras pessoas de fora. Só
quem me conhece é o povo que
está aqui no Maranhão."
Texto Anterior: Ausência de CPMF abre brecha para caixas dois Próximo Texto: PSDB e PMDB discutem vice de Serra Índice
|