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Ausência de CPMF abre brecha para caixas dois
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O período sem cobrança da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira),
que pode ultrapassar dois meses,
abre uma brecha para operações
financeiras que podem nutrir os
caixas dois para o financiamento
das campanhas.
Como os bancos não são obrigados a enviar os dados das movimentações durante o período em
que o imposto não será cobrado
- por conta do atraso na votação
da emenda, provocado pelo
PFL- a lacuna na cobrança da
contribuição libera as transações
financeiras do imposto e, consequentemente, da fiscalização da
Receita Federal.
A tese é do cientista político David Fleisher, da UnB (Universidade de Brasília), e do sociólogo Antonio Augusto de Queiroz, do
Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).
"Pode ser uma estratégia do
próprio PFL atrasar a votação para facilitar essa sobra em caixa nas
empresas para rechear o financiamento das campanhas", sugeriu o
sociólogo.
Fleisher lembra que o vácuo na
cobrança será exatamente quando estarão sendo definidas as candidaturas nas convenções. O imposto não será cobrado a partir de
17 de junho. "Exatamente quando
os candidatos estão ávidos em
busca de financiamento", disse
Fleisher.
Por meio de sua assessoria, o líder do PFL na Câmara, deputado
Inocêncio Oliveira (PE), disse que
a tese não tem fundamento. O vice-líder do PFL na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM)
emenda: "Além de tudo, a premissa é falsa, já que é só a Receita
pedir a fiscalização sobre as movimentações financeiras, que será
feita facilmente", afirmou.
Segundo um assessor técnico da
Receita que não quis se identificar, essa fiscalização é possível,
mas é burocrática.
"Esse período sem a cobrança
[da CPMF" é uma grande preocupação do secretário [da Receita
Federal, Everardo Maciel". Além
da perda de arrecadação, a fiscalização das movimentações fica
nula", afirmou o técnico.
Segundo ele, na primeira vez em
que houve atraso na cobrança do
imposto (entre 24 de janeiro e 17
de junho de 1999), a Receita não
teve como fiscalizar o período.
"Hoje existe a possibilidade de
fiscalização retroativa, mas a requisição é tremendamente burocrática, baseada em suspeitas sobre as transações bancárias, levantadas pela Receita ou pelo
Coaf [Conselho de Controle de
Atividades Financeiras, órgão do
governo federal que combate a lavagem de dinheiro"", disse.
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