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REARRANJO PETISTA
Análise sobre popularidade é pretexto para "chacoalhada"
Lula alertará os ministros sobre fim da "lua-de-mel"
KENNEDY ALENCAR
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pouco depois de completar dois
meses e meio de mandato e apesar do tom público de otimismo,
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva fará um alerta na reunião
ministerial de hoje para o que no
Planalto já é chamado de "começo do fim da lua-de-mel entre governo e alguns setores da sociedade", entre os quais mídia e movimentos sociais, como o MST.
Tema oficial do encontro de hoje, que começa pela manhã na
Granja do Torto com a presença
de todos os ministros, o PPA (Plano Plurianual de Investimentos),
uma espécie de superorçamento
para União no período de 2004 a
2007, será o documento pelo qual
o governo dirá que tem um projeto alternativo para o país.
Incomoda Lula e auxiliares o carimbo de que aquilo que é feito
hoje repete a política econômica
de Fernando Henrique Cardoso.
A análise sobre a perda de popularidade do governo será o pretexto de Lula para dar uma "chacoalhada" na equipe. Ele também
prestigiará o ministro da Segurança Alimentar, José Graziano, a
fim de encerrar a fritura do seu
mais antigo auxiliar. Ao mesmo
tempo, pedirá mais pressa e coordenação nas ações de governo, especialmente das sociais.
Na avaliação da cúpula do governo, composta exclusivamente
de petistas próximos a Lula, a pesquisa Sensus da semana passada
foi um primeiro sinal de que a
opinião pública já começa a perder um pouco da confiança no
governo, apesar da boa avaliação
do presidente continuar em alta.
Lula deverá reiterar o "puxão de
orelha" nos ministros, dizendo
que não há política de auxiliar,
mas política de governo. Ele acha,
por exemplo, que Graziano está
sofrendo muito mais com o "fogo
amigo" (ataques do PT e de membros do governo) do que com suposta má vontade da imprensa.
O tom do noticiário seria um
dos principais indicativos do "começo do fim da lua-de-mel", avalia um auxiliar presidencial.
Uma última cobrança de medidas para combater efeitos negativos no Brasil da iminente guerra
dos EUA contra o Iraque também
será feita por Lula na reunião de
hoje. O governo avalia que jogou
politicamente bem no tema, mas
que isso terá um custo no relacionamento com os EUA.
Numa reação à falta de dinheiro
para investimentos públicos, que
deverá marcar não apenas o primeiro ano de mandato de Lula, o
presidente abre hoje com os seus
ministros a discussão do PPA.
O plano, em forma de projeto
de lei, será encaminhado ao Congresso em 29 de agosto. Sua confecção seguirá o modelo do orçamento participativo, uma marca
das gestões municipais do PT,
com uma grande diferença: o que
for discutido com a sociedade em
seminários regionais não terá caráter deliberativo, apenas consultivo. As consultas serão coordenadas pelo ministro Luiz Dulci,
secretário-geral da Presidência.
Depois de algumas experiências
menores, o orçamento participativo ganhou impulso a partir do
primeiro mandato do petista Olívio Dutra, hoje ministro, na Prefeitura de Porto Alegre, em 1989.
Um esboço do PPA preparado
pelo Ministério do Planejamento
faz uma primeira tentativa de
transformar o programa apresentado por Lula na campanha em
ações de governo. Essa tentativa
leva a marca da preocupação fiscal de conter gastos públicos.
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, afirmou aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos, na semana passada, que o novo PPA implicará
em "uma certa intervenção do Estado na economia". Como exemplos, citou a elaboração de políticas industriais, de comércio exterior e políticas agrícolas. "O governo anterior tinha aversão a
uma ação mais ativa do Estado."
Colaborou SÍLVIA MUGNATTO, da Sucursal de Brasília
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