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São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2003

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BAHIAGATE

Contra orientação de bancadas, Conselho de Ética resolve abrir sindicância

Senado decide investigar ACM no caso dos grampos

Bruno Stuckert/Folha Imagem
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) passa por uma freira ao chegar ao Senado, ontem


RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os integrantes do Conselho de Ética do Senado aprovaram ontem, por 9 votos a 6, a abertura de sindicância para apurar indícios da suposta participação do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) nos grampos telefônicos da Bahia.
O objetivo dessa sindicância, que deve durar no mínimo 30 dias e foi solicitada pela bancada do PT, é apurar se há elementos para abertura de processo por quebra de decoro contra ACM, que pode levar à cassação do seu mandato.
A aprovação da sindicância foi garantida por senadores do PSDB e do PMDB que não seguiram a orientação dos respectivos líderes de suas bancadas, Arthur Virgílio (AM) e Renan Calheiros (AL). Eles haviam feito acordo com o PFL para apoiar que o conselho aguardasse a conclusão do inquérito da Polícia Federal que apura a escuta clandestina.
No entanto, eles não seguraram suas bancadas. Os dois tucanos -Antero Paes de Barros (MS) e Sérgio Guerra (PE)- votaram pela abertura imediata da sindicância, e Ramez Tebet (PMDB-MS) também. Reeleito presidente, Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS) não votou, mas defendeu aprovação da sindicância.
Após a reunião, o líder do PFL, José Agripino (RN), estava irritado. "Defendi um gesto político pela racionalidade. Era isso ou a busca de exposição", afirmou.
A reunião durou cerca de 40 minutos e teve a presença de todos os líderes, inclusive o do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP).
"Pela minha experiência em episódios anteriores, a condução dessa investigação, agora, será decidida pelos fatos. Não adianta intenção política", afirmou o senador Mercadante.

Depoimentos
Fonseca indicou o senador Geraldo Mesquita Júnior (PSB-AC), procurador da Fazenda Nacional, relator da sindicância. Caberá ao relator apresentar um cronograma de trabalho na próxima reunião, marcada para amanhã.
Atropelando os entendimentos que haviam sido mantidos entre os líderes durante o dia, Fonseca sugeriu a Mesquita que os primeiros convocados para depor sejam os jornalistas da "IstoÉ" Luiz Cláudio Cunha e Weiller Diniz, que disseram que irão apresentar ao conselho fita com uma suposta conversa na qual ACM se comprometeria com a escuta ilegal.
Mas os dois querem ser ouvidos ao final. Mesquita disse que ainda não decidiu se irá convocá-los primeiro ou se se irá seguir a sugestão do líder do PT, Tião Viana (AC), de convocar antes o delegado da Polícia Federal encarregado do inquérito sobre os grampos, Gesival Gomes de Souza.
Votaram contra a abertura da sindicância: os quatro do PFL -Romeu Tuma (SP), Paulo Octávio (DF), Rodolpho Tourinho (BA) e Demóstenes Torres (GO), eleito vice-presidente do conselho- e dois do PMDB: João Alberto (MA) e Luiz Otávio (PA).
A favor, votaram os tucanos Antero Paes de Barros (MS) e Sérgio Guerra (PE), os petista Heloísa Helena (AL), Flávio Arns (PR) e Sibá Machado (AC), além dos senadores Ramez Tebet (PMDB-MS), Geraldo Mesquita Júnior (PSB-AC), Magno Malta (PL-ES) e Jefferson Péres (PDT-AM).


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