São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Enquadrada, Marta deve aceitar Turismo

Lula temia conflito com a chefe da Casa Civil e antecipação do debate eleitoral se ex-prefeita fosse para a pasta das Cidades

Formuladores políticos da petista permanecerão em São Paulo, trabalhando por sua candidatura a prefeita da capital no ano que vem

VALDO CRUZ
KENNEDY ALENCAR

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O temor de um conflito entre Dilma Rousseff (Casa Civil) e Marta Suplicy foi o fator que mais pesou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva oferecer oficialmente hoje, ao meio-dia no Planalto, a pasta do Turismo e não a da Cidades para a ex-prefeita Marta Suplicy.
Em conversa reservada quando avaliava aonde encaixar Marta no primeiro escalão, Lula foi pressionado por ministros a indicá-la para as Cidades, primeira opção da petista. Ex-prefeita da maior cidade do país, ela tem perfil para esse ministério, argumentavam.
Segundo a Folha apurou, Lula disse que conhecia "o gênio" de Dilma e Marta. Afirmou que grande parte das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) seriam tocadas pelo Ministério das Cidades.
Dilma é a gerente do PAC, e Lula julgou que poderia haver um curto-circuito entre ela e Marta. O atual titular das Cidades, Márcio Fortes, segue à risca as orientações da ministra. Além disso, seu partido, o PP, resistiu à mudança. A pressão do PT também pesou contra a ex-prefeita de São Paulo.
Lula chegou a dizer em reunião reservada que achava bom Marta ser ministra, pois se sentia grato a ela pela ajuda na campanha presidencial de 2006. Nessa conversa, aventou Educação e Cidades.
Mas declarações públicas de aliados da ex-prefeita e de dirigentes do PT fizeram Lula se sentir "com a faca no peito".
Lula também achou prematuras e prejudiciais a seu governo as declarações de petistas aventando a possibilidade de Marta concorrer ao Planalto, antecipando um debate na imprensa que o presidente quer manter em banho-maria.
De seu lado, Marta adotou a estratégia de "submergir" e venceu pelo cansaço, já que resistiu à "fritura" do Planalto para que desistisse publicamente da Esplanada.

Equipe técnica
Segundo seu grupo em São Paulo, a ex-prefeita deverá aceitar o ministério na configuração atual, mas tentará arrancar do presidente o controle da Infraero ou do auxílio governamental para a realização da Copa do Mundo de 2014. No primeiro caso, a idéia encontra resistência entre os militares.
Para eles, Marta usará a Infraero por um ano, até se desincompatibilizar em março de 2008 para disputar a Prefeitura de São Paulo, hipótese que a petista deverá descartar publicamente após a conversa com Lula hoje, mas que permanecerá forte no PT paulista.
Marta planeja montar uma equipe técnica na pasta. Seus principais formuladores políticos, como o deputado estadual Rui Falcão, e o dirigente petista Valdemir Garreta, ficarão em São Paulo, de olho no cenário eleitoral do ano que vem.
Celso Marcondes, ex-presidente da Anhembi Turismo, na capital paulista, deverá ser convidado para atuar com Marta.
Lula tem encontrado dificuldade para achar substitutos para as pastas do Desenvolvimento, hoje chefiada por Luiz Fernando Furlan, e Defesa, comandada por Waldir Pires.
O presidente disse a ministros que tentará concluir a reforma em duas semanas, ou seja, somente em abril. Voltou a crescer a possibilidade de o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto retornar a esse posto.


Texto Anterior: Ex-opositor, Moka agora admira presidente
Próximo Texto: PSB: Presidente convida Britto para ocupar nova Secretaria de Portos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.