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Para crescer, PR busca filiações nos Estados
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de crescer e se multiplicar no Congresso Nacional, o
PR inicia uma segunda fase em
seu processo de dilatação. O
partido agora mira os Estados
para passar à condição de quinto maior partido do país, atrás
apenas da quadra dos "grandes" da política nacional (PT,
PMDB, PSDB e PFL).
Nos últimos dois meses, dezenas de prefeitos, vereadores e
deputados estaduais assinaram
ficha de filiação, atraídos pela
vocação governista do ex-PL. O
partido apóia não apenas o governo federal mas praticamente os de todos os Estados.
O crescimento acelerado
confunde o próprio partido. O
PR não sabe o seu tamanho, e
fará um censo interno para saber direito quem é quem dentro da sigla. Segundo estimativas, são cerca de 500 filiações
de políticos com mandato, contando com as anunciadas e prometidas, desde o início do ano.
O fenômeno ocorre em todo
o país, mas alguns pólos se destacam. Em Mato Grosso, a chegada do governador Blairo
Maggi levou à filiação de 84
prefeitos (eram 18).
Na Bahia, uma festa está sendo montada em Salvador para
recepcionar 30 prefeitos, todos
pulando do barco do carlismo
para o do lulismo. Outra festa
acontecerá no Ceará em abril,
para uma leva de prefeitos que
acompanham o ex-governador
tucano Lúcio Alcântara.
Na Câmara dos Deputados, o
PR começou a legislatura com
23 deputados e já tem 38. Só
não cresceu mais ainda porque
o líder do partido, Luciano Castro (RR), pediu a parlamentares interessados que esperem
um pouco até o ar de suspeição
sobre o processo de inchaço
baixar um pouco. Mas a meta
de 50 deputados deve ser atingida ainda neste semestre.
Em uma reação em cadeia, os
parlamentares atraem deputados estaduais, prefeitos e vereadores ao partido. "Vou chegar a 50 logo, logo", diz Inocêncio Oliveira (PR-PE), que investe agora na filiação do ex-presidente da Assembléia Romário Dias (PFL). Se Dias for
filiado, calcula Inocêncio, traz
consigo mais 20 prefeitos.
É uma relação simbiótica, diz
Inocêncio. "Cada deputado
tem R$ 6 milhões por ano em
emendas. Se dividir para 20
prefeituras, dá R$ 300 mil para
cada. O prefeito, com isso, faz
um matadouro, uma quadra e
uma usina de reciclagem."
Enquanto cresce, o PR se esforça para se distanciar do antigo PL, uma das siglas mais associadas ao mensalão. Mas o DNA
é o mesmo. Até a semana passada, em seu site, que identifica o
partido como PL, pelo menos
um documento já virou ficção:
"Constitui infração promover
filiações em bloco no partido",
diz o código de ética.
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