São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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Para crescer, PR busca filiações nos Estados

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de crescer e se multiplicar no Congresso Nacional, o PR inicia uma segunda fase em seu processo de dilatação. O partido agora mira os Estados para passar à condição de quinto maior partido do país, atrás apenas da quadra dos "grandes" da política nacional (PT, PMDB, PSDB e PFL).
Nos últimos dois meses, dezenas de prefeitos, vereadores e deputados estaduais assinaram ficha de filiação, atraídos pela vocação governista do ex-PL. O partido apóia não apenas o governo federal mas praticamente os de todos os Estados.
O crescimento acelerado confunde o próprio partido. O PR não sabe o seu tamanho, e fará um censo interno para saber direito quem é quem dentro da sigla. Segundo estimativas, são cerca de 500 filiações de políticos com mandato, contando com as anunciadas e prometidas, desde o início do ano.
O fenômeno ocorre em todo o país, mas alguns pólos se destacam. Em Mato Grosso, a chegada do governador Blairo Maggi levou à filiação de 84 prefeitos (eram 18).
Na Bahia, uma festa está sendo montada em Salvador para recepcionar 30 prefeitos, todos pulando do barco do carlismo para o do lulismo. Outra festa acontecerá no Ceará em abril, para uma leva de prefeitos que acompanham o ex-governador tucano Lúcio Alcântara.
Na Câmara dos Deputados, o PR começou a legislatura com 23 deputados e já tem 38. Só não cresceu mais ainda porque o líder do partido, Luciano Castro (RR), pediu a parlamentares interessados que esperem um pouco até o ar de suspeição sobre o processo de inchaço baixar um pouco. Mas a meta de 50 deputados deve ser atingida ainda neste semestre.
Em uma reação em cadeia, os parlamentares atraem deputados estaduais, prefeitos e vereadores ao partido. "Vou chegar a 50 logo, logo", diz Inocêncio Oliveira (PR-PE), que investe agora na filiação do ex-presidente da Assembléia Romário Dias (PFL). Se Dias for filiado, calcula Inocêncio, traz consigo mais 20 prefeitos.
É uma relação simbiótica, diz Inocêncio. "Cada deputado tem R$ 6 milhões por ano em emendas. Se dividir para 20 prefeituras, dá R$ 300 mil para cada. O prefeito, com isso, faz um matadouro, uma quadra e uma usina de reciclagem."
Enquanto cresce, o PR se esforça para se distanciar do antigo PL, uma das siglas mais associadas ao mensalão. Mas o DNA é o mesmo. Até a semana passada, em seu site, que identifica o partido como PL, pelo menos um documento já virou ficção: "Constitui infração promover filiações em bloco no partido", diz o código de ética.


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