São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2000


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PAINEL

Os pais da criança

Unida oficialmente contra Pitta, a oposição trocou veneno nos bastidores da Câmara paulistana. Petistas espalharam que o PSDB fez corpo mole para abrir as investigações. Tucanos diziam que o PT não atuou em parceria a fim de receber sozinho as honras pelo Pittagate.

Movidos pelo medo

Segundo o PT, os tucanos não têm interesse real pelo processo de impeachment. Temeriam que a investigação vá dificultar ainda mais a exposição da candidatura Geraldo Alckmin. Já o PSDB diz que o PT quer se diferenciar artificialmente da oposição. Por recear a consolidação da opção Erundina (PSB).
Mão invisível do Estado
Após a derrota, auxiliares de Pitta espalhavam que a "noite havia sido longa". E que "um dedo" do Palácio dos Bandeirantes teria motivado a mudança súbita de posição de alguns parlamentares governistas.

Santo anonimato

Tese consensual entre governistas e oposição em relação ao impeachment: o PTB votou em bloco a favor da investigação para aumentar seu cacife. Sabe que, no final, o voto é secreto. E que poderá capitular na moita.


Bandeira 2

Presidente do sindicato dos taxistas, o malufista Natalício Bezerra (PTB) foi o fiel da balança na comissão que analisou a denúncia da OAB contra Pitta. Disse que "quase morreu do coração". Ontem, foi sorteado membro da nova comissão. O Pittagate não lhe dá sossego.

Geléia geral

Minutos antes da votação do impeachment, um vereador do PMDB desabafou: "Sinceramente, não sei o que fazer". É um termômetro da firmeza de princípios que orienta parte da Câmara Municipal de SP.

Questão estilo

De Brasil Vita, líder de Pitta na Câmara, a Carlos Augusto Meinberg, articulador político do prefeito: "O senhor é muito educado para o meu gosto".


Nitroglicerina pura

O Planalto se cercou de cuidados, mas a CPI do Finor (Fundo de Investimentos do Nordeste), instalada ontem na Câmara, pode ser uma bomba de efeito retardado: criada para atingir Tasso Jereissati (CE), pode resvalar para toda a oligarquia nordestina. Do PFL ao PMDB.

Festa do interior

No próprio Ministério da Integração Nacional, comandado por Fernando Bezerra, adversário de Tasso, diz-se que os fatos que justificaram a CPI são antigos (1995) e os problemas já foram sanados. Mas há outros negócios envolvendo políticos da região que podem vir à tona.

Muro das lamentações

Tasso almoçou ontem com FHC. Antes de deixar Brasília, passou pela casa de ACM.

Partido ao meio

Emerson Kapaz (PPS) será o coordenador da campanha de Luiza Erundina (PSB) à prefeitura. A escolha é uma forma de reação a setores do PPS ligados a Ciro Gomes, que ainda divulgam a hipótese de coligação com Marta Suplicy (PT).

Tique-taque

O tempo que FHC ficará na Bahia, para a festa dos 500 anos, cai um pouco a cada dia. De início, previa-se três dias. Em seguida, dois. Hoje, está em cinco horas. E até o dia 22 deve cair mais umas duas horas.

Aeróbica do Senhor

Faltaram deputados para votar o salário mínimo regional. A oposição comemorou e repartiu o crédito com padre Marcelo Rossi, que congestionou ontem a entrada da Câmara com um showmissa. "É obstrução com ajuda de Deus", vibrou Miro Teixeira (PDT-RJ).

Visita à Folha

José Sarney, ex-presidente da República e senador pelo PMDB do Amapá, visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

De Severino Cavalcanti (PPB-PE), candidato do baixo clero à presidência da Câmara, repelindo a possibilidade de desistir da disputa em favor de Aécio Neves (PSDB-MG) ou de Inocêncio Oliveira (PFL-PE):
- Nem pensar. Sou candidato da Câmara para acabar com a discriminação contra a maioria dos deputados e com essa história de 20 ou 30 mandarem aqui. Os outros brigam para ser o candidato do Planalto.

CONTRAPONTO

A culpa é do robô
Todas as quartas-feiras, o PPS realiza a sua reunião da bancada federal em Brasília. Entram na pauta a discussão de problemas da conjuntura nacional e a de projetos de lei em tramitação na Câmara dos Deputados.
Recentemente, o líder do partido na Câmara, João Herrmann, discorria sobre o problema do desemprego no país.
O parlamentar defendia que o Brasil deveria aumentar a tributação sobre o capital tecnologicamente avançado, a chamada indústria de ponta.
- É o setor que emprega menos e fatura mais -dizia o líder do partido de Ciro Gomes.
Já no final da exposição, Herrmann comentou:
- Pois é, não tem jeito. Robô tem de pagar.
O deputado Rubens Furlan (SP), que não prestava muita atenção à explanação do líder do partido, levantou-se rapidamente, pedindo a palavra:
- Como assim? Não basta pagar, não! Roubou tem de ir para a cadeia!
A gargalhada foi geral.


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