São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2004

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OUTRO LADO

Institutos negam privilégio

DA REPORTAGEM LOCAL

A presidente do Instituto Florestan Fernandes (IFF), Maria Teresa Augusti, disse que há dois anos e meio a entidade se desvinculou do Partido dos Trabalhadores. "Não negamos nossa origem, mas isso não significa nem subordinação nem financiamento privilegiado", declarou.
Ela confirmou que atualmente o instituto presta serviço basicamente em administrações petistas. "Mas estamos começando a mudar isso. Não é nosso critério trabalhar somente com o PT."
Augusti negou que a entidade seja subcontratada pela Fundação Getúlio Vargas ou pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). "Temos convênio de cooperação técnico-científico", definiu.
Sobre o fato de o estatuto da fundação definir como fonte de financiamento da organização contribuições dos diretórios nacional, regional e municipal do PT, a presidente do IFF disse que "isso foi mudado logo no início". Atualmente, de acordo com ela, "gradualmente estamos nos mantendo com nosso trabalho e nossas pesquisas". Maria Teresa Augusti afirmou que o estatuto mudou e os conselheiros que têm cargos públicos não participam das decisões da organização.

Sampa.org
O diretor-executivo da ONG Sampa.org, Maurício Falavigna, disse que o projeto da Prefeitura de São Paulo de implementação do governo eletrônico nasceu da iniciativa da organização, que a preparou ainda na campanha de Marta Suplicy à prefeitura.
Ele negou que a instituição seja vinculada ao PT. "Trabalhamos com consultoria para qualquer tipo de empresa ou governo. Atualmente, além do contrato com a Prefeitura de São Paulo, a ONG trabalha na Prefeitura de Guarulhos e já atuou em Porto Alegre e Santo André, todas administradas pelo PT.
A Secretaria Municipal das Finanças enviou uma nota à Folha na qual afirma que "ao contratar fundações qualificadas, não cabe [à secretaria] a ingerência sobre a escolha dos consultores. A ela cabe fiscalizar o processo e validar os resultados apresentados, até o momento coerentes com as expectativas presentes no contrato".
A assessoria "também esclarece que nossos contratos foram celebrados com duas das mais respeitadas e influentes fundações na área de administração pública e que, comprovadamente, possuem larga experiência e capacidade técnica para desenvolver os processos necessários à realização dos objetivos da contratação".
A secretária municipal da Educação, Maria Aparecida Perez, disse que a contratação do Sampa.org ocorreu por dispensa de licitação porque a entidade possui experiência de trabalhos com comunidades carentes. O projeto de portal do CEU, de acordo com a secretária, tem como objetivo capacitar os usuários e incentivá-los a produzir notícias locais. Ela negou que tenha havido beneficiamento. "Se fosse para haver, teria sido logo no início do governo."
Há 15 dias, em entrevista à Folha, o superintendente do Núcleo de Atendimento à Comunidade da Fundep, Hely Costa Lages, afirmou que a Fundep é uma entidade com 30 anos de existência e tem trabalhado com diversos governos e institutos. Disse também que a entidade é de direito privado e, por isso, tem liberdade para escolher seus parceiros.
A Folha procurou falar com a FGV desde a quarta-feira. Foi informada de que o assessor de imprensa participava de reunião e não poderia atender. Na quinta-feira, também não houve contato. Na sexta-feira, uma assessora informou que o presidente da GV Consult, que falaria pela entidade, estava viajando e só retorna amanhã. À tarde, a assessoria de imprensa entrou em contato com a Folha informando que procuraria alguém para falar, mas a pessoa continuou em reunião até depois das 20h de sexta-feira.


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