DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

José Antonio Andrade de Souza, 30, que, na última terça, ateou fogo ao próprio corpo em frente ao Palácio do Planalto, morreu ontem à tarde no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília.
Desempregado, Souza disse, logo após ser socorrido, que havia tentado se matar por não conseguir ser recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Usou, de acordo com seu relato, uma garrafa de álcool líquido para incendiar o corpo. Sofreu queimaduras de até terceiro grau e teve 85% do corpo queimado.
Vindo de Cariacica (ES), na região metropolitana de Vitória, ele passou pelo menos dois dias na praça dos Três Poderes carregando dois cartazes com os dizeres: "Senhor presidente, vendi meu barraquinho para vir falar com o senhor".
Sua mulher, Maria das Dores Cláudia Souza, 25, grávida de quatro meses, está em Brasília desde quinta. De acordo com a assessoria da deputada Iriny Lopes (PT-ES), que presta assistência à família, Maria das Dores foi levada a um abrigo e deve voltar hoje para Cariacica.
Pelas informações da família, Souza, que votou em Lula nas eleições de 2002, enfrentava problemas psicológicos e já havia tentado se matar -enforcando-se em um abacateiro- no dia 26 de março. Sua filha, Camila, 8, teria visto a cena e o impedido.
Sua sogra, Tercília Soares Constantino, 48, informou que, na sexta-feira retrasada, Souza vendeu sua casa de quatro cômodos e alguns móveis por R$ 800, deixou R$ 200 com a mulher e só depois revelou seus planos de ir a Brasília tentar falar com o presidente.


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