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FAZENDEIRO DO AR
Presidente só vê "insinuações" em suspeitas que recaem sobre Jucá
Manchete de jornal não tira ou coloca ministro, diz Lula
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem, em São Paulo,
que não pode "tirar ou colocar
ministro em função desta ou daquela manchete de jornal" e classificou como sendo "insinuações"
as suspeitas que hoje pairam sobre o ministro da Previdência Social, Romero Jucá.
O ministro é acusado de oferecer fazendas que não existem como garantia a um empréstimo
contraído por ele ao Basa (Banco
da Amazônia), além de denúncias
de abuso de poder econômico na
eleição de 1994 e desvio de recursos públicos (relatório da Receita
Federal aponta desvios de verbas
à TV Caburaí, pertencente à Fundação Roraima). Foi a primeira
vez que Lula se manifestou publicamente sobre o tema desde que a
Folha noticiou a transação.
Lula revelou que o ministro o
procurou pessoalmente para lhe
dizer que havia pedido ao Ministério Público Federal e à Polícia
Federal para que abrissem uma
investigação sobre o assunto. Jucá
tem afirmado, por meio de sua assessoria de imprensa, que não era
mais sócio da Frangonorte quando a companhia ofereceu as fazendas fantasmas como garantia.
"Por enquanto, tem muitas insinuações", disse Lula. "Acho que
quem é político sabe o que significam insinuações [do tipo] "eu
acho, eu penso", mas é preciso que
haja coisas concretas, e ele (...) me
procurou duas vezes para dizer
que está pedindo para que o Ministério Público e a Polícia Federal
apurem, o mais rapidamente possível, porque ele é o maior interessado que a verdade venha à tona."
A declaração de Lula foi feita ao
lado do presidente do Chile, Ricardo Lagos. Lula disse que não
costuma falar de assuntos internos quando participa de encontros internacionais porque senão
a imprensa não noticia o resultado das reuniões, "e eu tenho interesse que seja noticiado". Porém
respondeu à pergunta da imprensa brasileira, que também quis saber se os presidentes haviam tratado do posicionamento da Argentina a respeito das alterações
na ONU. "A questão da Argentina
eu pretendo discutir numa reunião com a Argentina", afirmou.
"Temos instituições que investigam, que apuram, e, por enquanto, a missão dele [de Jucá], que está cumprindo muito bem, é tentar
ajudar a resolver o problema da
Previdência. Precisamos garantir
que todas as pessoas que têm direito à Previdência tenham o direito de receber os benefícios que
ela oferece." Afirmou também
que o governo está empenhado
em acabar com "quadrilhas que
estão montadas pelo Brasil".
"Queremos dizimá-las porque a
Previdência não pode continuar
com o déficit que está hoje. Se quisermos salvar a Previdência, vamos ter de tomar atitudes duras, e
o ministro Romero Jucá está fazendo isso em comum acordo
com o conjunto do governo."
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