São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2005

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Presidente estuda retomar reforma em seu 1º escalão

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversas reservadas desde que retornou da África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinais de que pode realizar em breve modificações no primeiro escalão do governo. Seria uma reabertura da reforma ministerial ampla, engavetada há quatro semanas.
Preocupam Lula a desarticulação política no Congresso e, especificamente, o bombardeio contra o ministro da Previdência, Romero Jucá, indicação do PMDB. Lula deve ter novas conversas para discutir a eventual e delicada troca de Jucá, de Aldo Rebelo (Coordenação Política) e até de outros ministros -um aliado e mais um ou dois petistas.
Nos bastidores, o PT continua a minar Aldo, dizendo que perdeu credibilidade. Fritado desde maio de 2004 por petistas, Aldo tem ficado por vontade de Lula. O PT ainda quer colocar o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP) no lugar dele. João Paulo, que fez ataque a Jucá, criando desconforto no Planalto, no PMDB e na cúpula petista, já se mostra disposto a uma recomposição com peemedebistas.
A eventual saída de Jucá, que responde diariamente a acusações de desvio de verbas, teria de ser por iniciativa do ministro ou do PMDB do Senado. Por ora, o governo o banca em nome da governabilidade. Apesar disso, o senador Hélio Costa (PMDB-MG) é aventado como opção para a Previdência.
Lula tem advertido auxiliares a não vazar informações para a imprensa, sob pena de desistir de vez de realizar trocas. O presidente atribui à imprensa parte do desgaste que sofreu ao discutir por cinco meses ampla reforma ministerial e engavetá-la. Acha que a mídia transformou a eventual reforma num jogo de "toma-lá-dá-cá", segundo expressão de um assessor direto, e que isso o obrigou a suspendê-la.
A oportunidade veio com o ultimato do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que exigiu a nomeação de um ministro pepista sob pena de rumar para a oposição. A repercussão da exigência serviu para Lula frear a reforma ampla e nomear apenas dois ministros -Jucá e Paulo Bernardo (Planejamento).


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