São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2005

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Discurso homenageou amigos e metalúrgicos

DA REPORTAGEM LOCAL

À vontade entre os cerca de 600 metalúrgicos que puderam entrar na sede do sindicato, em São Bernardo do Campo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comemorou ontem 30 anos de sua primeira posse à frente da entidade, fez mais homenagem à sua categoria do que discurso, embora sua fala tenha durado 45 minutos.
Logo de início, fez questão de chamar pelo irmão, Frei Chico, "um que tem uma careca brilhante", que estava no meio da multidão. Foi o irmão mais velho do presidente quem o levou a participar do sindicato.
Daí em diante, o presidente procurou redimir, em seu discurso, líderes e antigos aliados que, com o tempo, ganharam a inimizade da categoria. "Quero fazer justiça", iniciou. "Paulo Vidal [presidente do sindicato entre 69 e 75] talvez tenha sido o dirigente mais criticado que já tivemos. O pessoal da esquerda tinha birra dele." Vidal sempre foi do PMDB. "Muitas das críticas que o Vidal recebeu eram injustas", disse Lula.
Outro defendido pelo presidente foi o ex-prefeito de Diadema Gilson Meneses. Primeiro prefeito eleito pelo PT, em 1982, Meneses brigou com o PT e o abandonou, sendo criticado por boa parte dos metalúrgicos.
"Temos de reconhecer as pessoas pela vida e pelo momento histórico que viveram. Nós temos, às vezes, o hábito de fazer julgamentos equivocados de uma pessoa porque ela hoje não concorda com a gente. Mas uma vida tem de ser medida na sua totalidade."
Emocionado, mas não a ponto de chorar, Lula chamava velhos conhecidos pelo nome, como a faxineira Zélia, "que fingia que limpava o sindicato e ainda continua fingindo"; cobrou um ganso que lhe foi prometido por um amigo que estava na platéia; e brincou com outros companheiros, como o compadre João Justino de Oliveira, o Janjão. "Uma vez fui ver o Janjão em um coral e eu pensei: "Se ele pode cantar num coral, eu posso cantar numa ópera'", disse.
Em vários momentos fez questão de reafirmar a amizade com os metalúrgicos. "Somos amigos e não tenho dúvida de que morreremos amigos." (CG e LC)


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