MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O tenente-coronel da Polícia Militar do Paraná Waldir Copetti Neves disse ontem que o secretário da Segurança do Estado, Luiz Fernando Delazari, era cliente de um traficante de cocaína quando era promotor e assessorava a Procuradoria Geral da Justiça no Estado. Neves fez a acusação no início de seu depoimento à CPI mista da Terra no Congresso, que realizou uma tumultuada sessão em Curitiba.
Neves foi preso no início do mês durante a Operação Março Branco, da Polícia Federal. É acusado de comandar uma organização criminosa que trafica armas e de controlar uma milícia paga por fazendeiros do Paraná para intimidar integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Nem ele nem o superintendente da PF no Paraná, Jaber Makul Hanna Saadi, deram informações novas sobre a milícia contra o MST em razão de a investigação correr sob segredo de Justiça.
Sob protestos dos integrantes do PT na CPI, o senador Alvado Dias (PSDB-PR) concedeu ao tenente-coronel da PM, que está preso, 20 minutos para falar antes de responder às perguntas. Neves, então, atacou o secretário e o ex-deputado do PT e hoje secretário do Trabalho do governo de Roberto Requião (PMDB), Padre Roque Zimmermann.
"Um traficante conhecido por Pacheco disse [ao delegado que comandava o combate ao narcotráfico no Estado em 2000] que costumava vender cocaína para o Delazari", disse Neves, apontando para o que dizia ser um dossiê. Em nota, a Procuradoria da Justiça negou o fato.
O oficial também disse que a família Delazari grampeou conversas telefônicas de adversários políticos de Colorado (interior do PR) na campanha eleitoral de 2004. Por último, acusou Zimmermann "e seus cupinchas" de pressionar pessoas por doações em dinheiro que o ex-deputado "entregava ao MST".


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