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Evolução da medicina permitiu uma nova interpretação, diz especialista
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A evolução da medicina permitiu uma nova interpretação sobre
a morte de Tancredo Neves, afirma o infectologista David Uip,
que era da equipe de médicos que
cuidou do presidente eleito.
"Este e tantos casos podem ter
uma nova interpretação", disse
Uip, que se negou a comentar as
declarações da família Neves. Ele
também disse desconhecer um
suposto laudo falso sobre a doença do presidente eleito.
"Não estão sendo divulgados fatos novos. O que evoluiu foi a
ciência e passamos a entender
melhor os fatos que, no passado,
não sabíamos explicar com tanta
exatidão", continuou Uip.
O novo conhecimento a que se
refere o médico é a Síndrome de
Resposta Inflamatória Sistêmica.
Segundo essa linha de estudos,
desenvolvida nos últimos 20 anos,
uma inflamação em uma parte do
corpo pode levar a pequenas inflamações em várias outras partes
do organismo, causadas por substâncias que "viajam" pela corrente sangüínea, as citoquinas.
No caso de Tancredo, a reação
inflamatória sistêmica foi desencadeada de um tumor benigno,
infeccionado e necrosado (parte
do tecido estava morto), encontrado no intestino delgado.
A reação inflamatória, o sangramento do intestino -que obrigou a múltiplas transfusões - e
novas cirurgias a que o paciente se
submeteu, além de tratamento
com oxigenação a 100% por período prolongado, fizeram com
que os pulmões de Tancredo perdessem sua capacidade. Foi divulgado que morrera de "infecção
generalizada".
Na necropsia, não foi encontrada infecção. A partir daí, surgiram
teorias conspiratórias.
O que os médicos vêem hoje, à
luz dos novos conhecimentos, é
que a reação inflamatória estava
por trás de tudo.
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