São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2005

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Evolução da medicina permitiu uma nova interpretação, diz especialista

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A evolução da medicina permitiu uma nova interpretação sobre a morte de Tancredo Neves, afirma o infectologista David Uip, que era da equipe de médicos que cuidou do presidente eleito.
"Este e tantos casos podem ter uma nova interpretação", disse Uip, que se negou a comentar as declarações da família Neves. Ele também disse desconhecer um suposto laudo falso sobre a doença do presidente eleito.
"Não estão sendo divulgados fatos novos. O que evoluiu foi a ciência e passamos a entender melhor os fatos que, no passado, não sabíamos explicar com tanta exatidão", continuou Uip.
O novo conhecimento a que se refere o médico é a Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica. Segundo essa linha de estudos, desenvolvida nos últimos 20 anos, uma inflamação em uma parte do corpo pode levar a pequenas inflamações em várias outras partes do organismo, causadas por substâncias que "viajam" pela corrente sangüínea, as citoquinas.
No caso de Tancredo, a reação inflamatória sistêmica foi desencadeada de um tumor benigno, infeccionado e necrosado (parte do tecido estava morto), encontrado no intestino delgado.
A reação inflamatória, o sangramento do intestino -que obrigou a múltiplas transfusões - e novas cirurgias a que o paciente se submeteu, além de tratamento com oxigenação a 100% por período prolongado, fizeram com que os pulmões de Tancredo perdessem sua capacidade. Foi divulgado que morrera de "infecção generalizada".
Na necropsia, não foi encontrada infecção. A partir daí, surgiram teorias conspiratórias.
O que os médicos vêem hoje, à luz dos novos conhecimentos, é que a reação inflamatória estava por trás de tudo.


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