São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2005

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QUESTÃO AGRÁRIA

Governo de SP vai analisar produtividade

Alckmin quer criar meta de produção a assentado, que pode ser despejado

ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

O governo do Estado de São Paulo deve implantar uma política de metas de produtividade para cerca de 7.000 assentados no Estado. A família que não passar no "vestibular da produtividade" poderá ser despejada.
De acordo com o secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Alexandre de Moraes, cerca de 200 técnicos do Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo) estão percorrendo o Estado para levantar as produções dos assentamentos.
A idéia do governo, diz Moraes, é manter nas terras só as pessoas com vocação para o trabalho agrícola. "O assentado vai ter de mostrar que vive da terra, alimenta sua família com a terra, que está produzindo", disse ontem, durante visita que fez junto com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ao assentamento Córrego Rico, em Jaboticabal, citado como um exemplo de produtividade.
De acordo com o secretário, todos os assentamentos que apresentarem problemas serão analisados separadamente. Se o problema for do próprio governo, serão tomadas medidas para tentar solucioná-lo. Se for do assentado, ele será submetido a uma "reciclagem" para tentar melhorar.
A meta de produtividade será adaptada à região. Ele afirmou ainda que a portaria que determinará essa meta deve ser publicada ainda no primeiro semestre deste ano. O processo para levantar as causas da falta de produtividade nos assentamentos, entretanto, começou em 2004.
Assentados de Jaboticabal disseram que lhes falta apoio do Estado. Criticam, entre outros, a dificuldade para exportar seus produtos. Ontem, mostraram ao governador cerca de cinco hectares de plantação de pimenta pronta para ser exportada, mas que se perde nos pés. "Se tivesse apoio do governo, seria outra coisa", disse o assentado Mateus Mello.
O assentamento foi escolhido como modelo porque exportava quiabo e pimenta para Portugal. A plantação de quiabo, porém, foi suspensa em março.
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) disse que tem metas de produtividade, mas que não penaliza as famílias. Neste mês, o Ministério do Desenvolvimento Agrário propôs atualizar os índices de produtividade da agricultura e da pecuária. Se for constatado que o imóvel é improdutivo, a propriedade fica passível de reforma agrária.


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