São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2005

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ORÇAMENTO

Teto de 16% do PIB fixado na LDO valerá para conter o Congresso

Limite tributário não atingirá União

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O limite fixado no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias para a carga tributária em 2006, equivalente a 16% do PIB (Produto Interno Bruto), não impedirá o governo de arrecadar mais tributos no último ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na prática, o dispositivo anunciado pelo governo tem como objetivo quase exclusivo impedir que o Congresso aumente a previsão de gastos em 2006. Tradicionalmente, parlamentares recorrem a aumento da arrecadação prevista de impostos e contribuições para autorizar volume maior de gastos na lei orçamentária.
Há uma distância entre o que o governo anunciou na sexta-feira (limite para a carga tributária) e os termos exatos do projeto de lei divulgado apenas ontem. O texto deixa claro que o limite de 16% do PIB se aplica não à arrecadação de tributos, mas à estimativa de arrecadação constante no projeto e na lei orçamentária de 2006.
O tratamento é bem diferente quando o texto trata de superávit primário, a economia destinada ao pagamento de juros da dívida. Nesse caso, o projeto de lei diz que a elaboração, a aprovação da lei orçamentária e a execução do Orçamento em 2006 deverão se ajustar à meta de superávit primário do setor público, equivalente a 4,25% do PIB. E nada impede que a economia seja maior do que esse percentual, como já vem acontecendo. Um aumento do superávit primário é o provável destino de um eventual excesso de arrecadação do governo em 2006.
O projeto de lei também limita de forma clara as chamadas despesas correntes primárias, que somam a folha de salários do funcionalismo público, o pagamento de aposentadorias e pensões, benefícios assistenciais e transferência de renda a famílias pobres, o custeio dos principais programas do governo, assim como a manutenção da máquina pública.
No Orçamento, só não são consideradas despesas correntes os gastos com investimentos, inversões financeiras e o pagamento de juros, assim como as transferências constitucionais ou legais a Estados e municípios.
O limite de 17% imposto a essas despesas significará de fato uma redução nos gastos públicos pelo menos em relação a 2004 e 2005.
Apesar do aperto, o governo reiterou no projeto da LDO compromissos assumidos na última campanha eleitoral: a intenção de Lula de inaugurar 34% da transposição do rio São Francisco.


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