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FHC minimiza notícias sobre Lopes
CLÓVIS ROSSI
enviado especial a Évora
O presidente Fernando Henrique Cardoso negou ontem importância às novas informações sobre
o caso do Banco Marka publicadas
pela mídia no fim-de-semana, a
ponto de cobrar "mais importância às coisas que realmente a têm,
em vez de nos perdermos em nossa
própria banha".
Coerente com essa posição, voltou a defender "a grande integridade intelectual e profissional" de
Francisco Lopes, o ex-presidente
do Banco Central, como já havia
feito na quarta-feira.
Tentou até ironizar, na resposta a
uma pergunta sobre as supostas ligações de Lopes com os irmãos
Bragança:
"Nem sei quem são os irmãos
Bragança. É a casa de Bragança,
por acaso?", respondeu.
Não, os irmãos Bragança não
pertencem a um dos ramos da família imperial brasileira, mas à firma Macrométrica, chamam-se
Sérgio e Luís Augusto, e poderiam
ter se beneficiado dos freqüentes
contatos com Francisco Lopes,
conforme a edição desta semana
da revista "Época".
Mas, para o presidente, nada
mudou desde a defesa anterior de
Lopes: "A meus ouvidos, jamais
chegou qualquer rumor nesse sentido", disse.
Pelo que leu nos jornais, FHC
acha até que o caso "não tem esse
vulto que se está dando" nem vai
abalar a imagem do governo. No
máximo, o presidente concedeu
que, se houver abalo, ele será "coisa limitada".
De todo modo, FHC vem insistindo, nas sucessivas conversas
com os jornalistas, em sugerir outra agenda, mais positiva.
Ontem, chegou a lembrar que lera certa vez entrevista de um historiador norte-americano que pedia
que o Brasil afastasse o que considerava "pessimismo histórico".
"É verdade. Tem-se sempre a
idéia de insistir em alguns lados
que são mais negativos que nos positivos do Brasil. Isso não ajuda",
completou FHC.
A pregação positiva do presidente não seduziu pelo menos os jornalistas que o cercavam ontem em
Évora (140 km a sudeste de Lisboa), tanto que insistiam em perguntar sobre os episódios relativos
ao Marka.
O presidente voltava, por sua
vez, a afastar qualquer vinculação
entre a saída de Francisco Lopes do
BC, no dia 29 de janeiro, e algum
indício de irregularidade, uma
suspeita óbvia se forem confirmados os vínculos com agentes de
mercado.
FHC repetiu o que dissera na
Alemanha: "Saiu porque achei que
precisava haver maior rapidez nas
operações. Somente isso".
Naquele dia, a especulação com a
moeda brasileira levou a cotação
do dólar a ultrapassar R$ 2,10, em
meio ao que o próprio presidente
chamou de "forte pânico".
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