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"Capuchinhos" foram precursores dos comícios
da Sucursal de Brasília
Alto e magricela, Dante de Oliveira tinha 32 anos quando entrou para a história como autor
da emenda das diretas. E integrava um grupo de deputados de
primeiro mandato, vindos da esquerda e dispostos a revolucionar o Congresso. Eles eram o escalão precursor dos comícios.
Jovens, barbudos, eles foram
apelidados de "capuchinhos" e
tinham algo muito específico em
comum: todos queriam articular
a candidatura à Presidência da
República do sociólogo e professor Fernando Henrique Cardoso,
que se tornara senador em 83.
Curiosamente, o ímpeto "fernandista" não resistiu até 94,
quando FHC disputou e ganhou
sua primeira eleição presidencial. Esse ímpeto só voltou, aos
poucos e desconfiado, ao longo
dos últimos quatro anos. Hoje,
Dante é tucano e apóia FHC.
Em 94, ele era candidato do
PDT ao governo de Mato Grosso
e apoiava oficialmente o pedetista Leonel Brizola para a Presidência. Seu único cuidado foi fazer uma extensa aliança com outros partidos de esquerda e abrir
seus palanques para os demais
candidatos a presidente - inclusive FHC.
O rompimento com o PDT foi
no primeiro mandato. Justamente porque apoiava a reeleição,
que Brizola rechaçava.
Os outros "capuchinhos"
eram: Márcio Lacerda (MT), que
estava no PMDB e votou em
Orestes Quércia por fidelidade
partidária; João Herrmann Neto
(SP), do PPS, votou em Lula, do
PT; e Márcio Santilli (SP) largou
a política e foi cuidar de índios.
Havia, ainda, Jackson Barreto
(SE), que foi PMDB e PDT e em
94 apoiou Leonel Brizola (PDT) e
depois Lula; Domingos Leonelli
(BA), tucano dissidente, que votou em Lula; e, enfim, Arthur
Virgílio Neto (AM). Este último,
sim, tucano e cabo eleitoral de
FHC.
Dante de Oliveira foi prefeito
de Cuiabá, ministro da Reforma
Agrária no governo Sarney e está
em seu segundo mandato no governo de Mato Grosso.
Sua grande derrota foi curiosa:
ele foi o deputado mais votado
do Estado em 90, mas não conseguiu se eleger.
Sua coligação, toda de esquerda, não atingiu o número mínimo de votos.
Na semana passada, Dante deixou transparecer uma certa nostalgia pela política nacional. Aos
47 anos e embalado pelo nome
da emenda das diretas, porém,
ele sempre terá como voltar.
Sobre o eclético palanque das
diretas e o destino dos partidos e
personagens, ele explicou: "Éramos todos de pensamentos diferentes, de partidos diferentes. O
grande traço comum era a redemocratização. Depois, cada um
seguiu seu caminho".
(EC)
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