São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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PAINEL

A turma do apagão
O destino do dinheiro que será arrecadado com as sobretaxas para o excesso de consumo de energia elétrica divide o governo federal. O setor elétrico quer utilizá-lo para investir em novas geradoras. Mas a equipe econômica, é claro, quer fazer caixa.

Farol baixo
Técnicos que elaboraram o plano de racionamento de energia estão pessimistas. Acham que há mais de 90% de chance de o governo ter de apelar para os apagões. Mas o Planalto já avisou que vai fazer de tudo para evitar a medida extrema, péssima para a popularidade de FHC.

Obra prima
"Itamar Franco desenterrou o Fusca. FHC está reinventando a lamparina", diz o deputado Cunha Bueno (PPB-SP).

Preguiça parlamentar
Um ponto do programa de economia de energia adotado pelo tucano Aécio Neves, presidente da Câmara, desagradou a muitos deputados: a limitação do uso da esteira rolante que liga o plenário aos gabinetes.

Ainda vivo
José Mário Abdo (Aneel) foi o último a chegar à entrevista coletiva após a reunião do "ministério do apagão". Desgastado no governo, o atraso causou desconfiança. "Cadê o Abdo?", perguntava Pedro Parente.

Aqui, não!
Roseana Sarney procurou José Jorge (Minas e Energia) para reclamar que o Maranhão seria incluído no racionamento, mesmo sendo abastecido por Tucuruí, que não enfrenta problemas. A reclamação deu certo, e o Estado vai ter abastecimento normal de energia elétrica.

Governo no escuro
Dois pontos do plano de governo de FHC foram enterrados com o racionamento de energia: o projeto Luz no Campo e o de iluminação de bairros periféricos para aumentar a segurança.

Desespero de causa
Jader Barbalho (PMDB) foi procurado por dois advogados de ACM e dois de José Roberto Arruda dias atrás. O baiano mandou dizer ao presidente do Senado que sente-se "injustiçado" e que estão querendo cassá-lo pelo "conjunto da obra".

Para bom entendedor
Marco Aurélio de Mello, presidente eleito do Supremo Tribunal Federal, disse a FHC que é necessário fixar de uma vez por todas o teto salarial do funcionalismo. "A emenda que instituiu o teto não pode derrubar o direito adquirido", avisou.

Filme antigo
O aumento da passagem de ônibus anunciado por Marta Suplicy em São Paulo (de R$ 1,15 para R$ 1,40) repercutiu muito mal nas bases do PT.

Política do silêncio
A cúpula do PT em SP tenta evitar manifestações públicas de descontentes com o aumento da passagem no partido. Não quer dar margem para crises internas como as que tanto desgastaram a gestão Luiza Erundina.

Gourmet
Ciro Gomes (PPS) ouviu e está repetindo piadinha sobre o prato principal a ser saboreado em Brasília nesses dias: perna de rã frita em azeite de dendê, com tempero de arruda. "E é para ser saboreada à luz de velas", diz.

Ministro em teste
A demora na definição do sucessor de Fernando Bezerra no Ministério da Integração Nacional reforça a chance de Ramez Tebet (PMDB-MS), presidente do Conselho de Ética. O partido espalha que FHC vai esperar a votação do caso ACM para decidir se o nomeia mesmo.

Não custa tentar
Políticos ligados ao governador Dante de Oliveira (MT) irão defender novamente, na convenção de hoje do PSDB, a realização de prévias no partido para a eleição presidencial de 2002.

TIROTEIO

Do presidente estadual do PFL em São Paulo, Cláudio Lembo, sobre a campanha publicitária elaborada por Duda Mendonça para o PT na qual ratos roem a bandeira do Brasil:
- De bandeira, eu não sei se Duda Mendonça entende. Mas ratos não tenho a menor dúvida de que ele conheça.

CONTRAPONTO

Bode expiatório

O "ministério do apagão" distribuiu um kit a todos os jornalistas presentes ontem na reunião sobre os detalhes do plano de racionamento de energia.
Dentro do kit, havia um bloco de anotações e uma apostila com os principais pontos do programa. Quando acabou a reunião, os membros do ministério foram para a sala onde haveria a entrevista coletiva. David Zylbersztajn (ANP) e José Jorge (Minas e Energia) sentaram-se logo e começaram a conversar, sem perceber que os microfones da mesa já estavam ligados.
Zylbersztajn reclamou com Jorge do desperdício de dinheiro público no kit de imprensa:
- Falam em economia, mas fazem um bloquinho como esse. Isso é desperdício de energia.
José Jorge acenou com a cabeça, concordando com o colega.
Zylbersztajn, encerrando o assunto, achou o culpado:
- Isso é coisa de publicitário.


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