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POLÍTICA NO ESCURO
Partidos esperam votação do relatório do painel para assinar
Em crise, Planalto entra
em alerta contra nova CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao mesmo tempo que enfrenta
o desgaste provocado pela crise
energética, o governo FHC terá de
realizar mais uma operação para
barrar a instalação da CPI da corrupção, agora proposta só no Senado, depois que a Casa decidir se
abre ou não processo para cassar
os mandatos de Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF).
Na avaliação feita ontem no Planalto, é praticamente inevitável
que a oposição consiga as 27 assinaturas para abrir a investigação.
O requerimento já tem 22 assinaturas. Os três senadores do PPS
decidiram não assinar antes da
votação do Conselho de Ética para não facilitar um eventual acordo pró-ACM e Arruda. A votação
está marcada para quarta-feira.
Além desses três senadores, o
presidente do PMDB, Maguito
Vilela (GO), já prometeu assinar.
Ele havia dado seu apoio à criação
da CPI mista (do Senado e da Câmara), que foi inviabilizada depois da operação abafa do governo. Ficaria faltando uma única assinatura para a nova CPI vingar.
No Palácio do Planalto, a posição oficial é a mesma adotada em
relação à CPI mista que foi barrada na semana passada.
"Uma CPI com essas características é apenas um instrumento
político da oposição", afirmou o
ministro Aloysio Nunes Ferreira
(Secretaria Geral).
Barganhas
A rapidez com a qual a oposição
conseguiu as assinaturas animou
o PFL a tentar barganhar uma pena menor para ACM no Conselho
de Ética do Senado.
Jorge Bornhausen (SC), presidente nacional do partido, cobrou
do apoio do governo e de partidos
aliados ao Planalto.
Nas entrelinhas, o pefelista procurou deixar claro que a consequência da ação oficial para cassar
ACM seria a adesão pefelista à
CPI. "Voluntários para assinar
não faltam no PFL", disse um interlocutor de Bornhausen.
Além de Aloysio, o líder pefelista teve conversas semelhantes em
encontros com o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) e
com o líder do PSDB no Senado,
Sérgio Machado (CE).
Em outra frente, os três senadores do PMDB de Goiás -Iris Rezende, Maguito Vilela e Mauro
Miranda- estão tentando trocar
a não-adesão deles à CPI da corrupção no Senado pela intervenção do presidente Fernando Henrique Cardoso no PSDB goiano.
Os senadores querem que, dessa forma, o governador tucano
Marconi Perillo fique sem condições políticas para instalar a CPI
da Astro Gráfica -prevista para a
próxima semana- e de levar
adiante a criação da CPI da Caixego (Caixa Econômica de Goiás).
Os dois casos -Astro Gráfica e
Caixego- envolvem recursos de
campanhas eleitorais e atingem
em cheio o PMDB goiano, que
durante anos foi comandado pelo
senador Iris Resende, ex-ministro
da Justiça de FHC.
O caso Astro Gráfica é investigado pela Justiça Federal em Goiás.
O Ministério Público Federal denunciou o coordenador-geral da
campanha do PMDB em 1994,
Otoniel Carneiro, irmão de Resende, como líder de um grupo
que se beneficiou de um empréstimo fraudulento no BEG (Banco
do Estado de Goiás) para saldar
dívidas de campanha do PMDB.
A coleta de assinaturas para o
requerimento foi interrompida
pela oposição até quarta-feira, para evitar que a CPI seja usada pelo
PFL como moeda de troca num
acordo para salvar o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
da cassação. Em consequência da
ação do PFL, o PSDB e o PMDB
desistiram de recomendar a cassação às suas bancadas.
"Vamos conseguir as 27 assinaturas necessárias à criação da CPI
sem [o presidente do Senado" Jader Barbalho (PMDB-PA) e sem
ACM", afirmou o líder da oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE).
Na quarta-feira, será votado no
Conselho de Ética e Decoro Parlamentar o parecer de Saturnino
Braga (PSB-RJ) que propõe abertura de processo de cassação contra ACM e Arruda. Para ser aprovado, o parecer precisa da maioria
absoluta dos votos dos 16 integrantes do conselho.
O PFL tem cinco votos no Conselho de Ética, e o PMDB, cinco. O
PSDB tem três vagas (Arruda, como ex-tucano, é titular de uma
delas), e a oposição, também três.
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