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"Não houve pressão", diz Bornhausen
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PFL, senador
Jorge Bornhausen (SC), nega que
o partido tenha feito qualquer
ameaça de apoiar a criação da CPI
da corrupção no Senado em troca
de um abrandamento da posição
do PSDB e do PMDB a favor da
cassação do senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), acusado no caso da violação do painel eletrônico de votações.
Bornhausen diz que apenas manifestou aos parceiros da aliança
governista e ao presidente Fernando Henrique Cardoso o entendimento de que o assunto não
pode ser partidarizado nem mesmo pelo PFL. Leia a seguir a entrevista concedida pelo presidente
do partido à Folha.
Folha - O PFL fez algum apelo para que o PSDB não fechasse questão sobre o processo de cassação
do senador Antonio Carlos Magalhães?
Jorge Bornhausen - Não houve
pressão. Ninguém intervém em
outro partido. Foi o bom senso
que prevaleceu. Esse é um assunto
para ser tratado exclusivamente
pelo Senado. Não é partidário. Os
senadores do PSDB e do PMDB,
assim como os do PFL, têm de ter
liberdade para votar como quiserem.
Folha - Então nem os cinco senadores do PFL estão obrigados a votar contra o relatório do senador
Saturnino Braga (PSB-RJ), que pede abertura de processo de perda
de mandato contra ACM e José Roberto Arruda (sem partido-DF)?
Bornhausen - Mesmo dentro do
PFL não podemos impor [uma
decisão sobre o voto". Mas os cinco senadores do partido que integram o conselho devem agir de
forma comum. Vamos discutir o
assunto. Não podemos forçar
ninguém, mas a tendência é convergir.
Folha - O senhor pediu isenção ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso?
Bornhausen - Não fiz apelo nem
pressão. Apenas manifestei meu
raciocínio, que é esse: o assunto
não é de natureza partidária. É
um assunto interno do Senado.
Cada senador deve agir de acordo
com sua consciência.
Folha - A oposição conseguiu 22
assinaturas no Senado para o requerimento propondo a CPI da corrupção. Faltam sete. Senadores do
PFL poderiam assinar a CPI, viabilizando sua instalação, se o PSDB e o
PMDB assumissem uma posição
partidária a favor da cassação?
Bornhausen - Eu jamais faria esse tipo de ameaça. Não é meu estilo. Apenas devo manifestar o meu
raciocínio de que o processo de
cassação não pode ser partidarizado.
Folha - Mas há alguma possibilidade de o PFL apoiar a CPI?
Bornhausen - Nenhuma. O PFL
mantém a posição de não assinar
a CPI, que está registrada em carta
do partido.
Folha - Mas ACM e os senadores
do PFL da Bahia -Waldeck Ornélas e Paulo Souto-, que assinaram
o primeiro requerimento [da CPI
mista da corrupção", poderiam dar
apoio de novo, numa posição individual e não partidária?
Bornhausen - Não acredito nisso.
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