|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA NO ESCURO
Apesar da pressão do PFL, FHC e cúpula do PSDB intensificam trabalho pela punição máxima a ACM e Arruda
Tucanos articulam cassação nos bastidores
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto o PFL pressiona o
Planalto e os partidos aliados tentando evitar a cassação do senador Antonio Carlos Magalhães, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso e o PSDB intensificaram
nos bastidores as articulações para o Senado aplicar a pena máxima ao senador baiano.
Paralelamente, os advogados de
ACM articulam um nova saída
para evitar a aprovação, na próxima quarta-feira, do parecer do senador Saturnino Braga (PSB-RJ)
no Conselho de Ética recomendando a cassação do pefelista.
A estratégia prevê a apresentação de emenda ao parecer do relator suprimindo as citações de
""cassação" e ""perda de mandato".
O texto continuaria concluindo
que houve quebra de decoro, mas
seria finalizado na recomendação
de abertura de processo contra os
dois senadores, sem explicitar
uma punição.
Os pefelistas estão fazendo a
contabilidade dos votos e acham
que essa solução encontraria mais
apoio do que a estratégia original,
ou seja, apresentação de um voto
em separado propondo suspensão temporária dos mandatos em
vez da cassação. Essa discussão ficaria para uma segunda etapa.
Nas reuniões que antecederam
a convenção do PSDB, iniciada
ontem, a cúpula tucana concluiu
que o PSDB não pode vacilar na
defesa da cassação de ACM e Arruda, mesmo sem tirar uma resolução formal sobre o assunto, como era intenção da legenda. A
avaliação é que a absolvição dos
senadores seria "o pior dos mundos" para FHC e para o partido.
Das conversas de avaliação da
situação política têm participado
o próprio FHC, o ministro José
Serra (Saúde), eventual candidato
do partido à Presidência, e os presidente do PSDB, senador Teotonio Vilela Filho (AL), e da Câmara, Aécio Neves (MG).
O projeto da cúpula tucana é
afastar qualquer sinal de que houve um acordo para salvar o mandato de ACM e Arruda em troca
da retirada de assinaturas da CPI
da corrupção.
A articulação da cúpula já foi informada a tucanos eventualmente recalcitrantes, como o governador do Ceará Tasso Jereissati. Tasso é amigo e aliado político de
ACM, que defende sua candidatura a presidente em 2002 pela atual
aliança que apóia FHC.
Segundo um tucano com trânsito junto ao governador cearense,
Tasso está constrangido, mas entenderia a posição do partido. Os
tucanos disseram a Tasso que será
"fatal" para o PSDB se o senador
Lúcio Alcântara (PSDB-CE), integrante do Conselho de Ética, que
segue a orientação política do governador, passar a imagem de que
poderá amenizar a pena de ACM.
Anteontem à noite, FHC teve
uma longa conversa com o presidente do Senado, Jader Barbalho
(PMDB-PA). Jader disse a ele que
o partido não dará um voto a favor de ACM ou Arruda. A mesma
opinião foi manifestada a Aécio
Neves pelo líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).
Tramitação
Jader deve receber na próxima
terça-feira o resultado da consulta
que fez à área jurídica do Senado
sobre o rito que o processo de cassação deve seguir na Mesa.
A pesquisa deve indicar que a
tramitação nessa fase deve ser sumária. Não cabe aos senadores da
Mesa considerações sobre o mérito do parecer. A consulta deve
concluir, entretanto, que há brechas no regimento para que o PFL
tente prolongar a estadia do caso
na Mesa, ganhando tempo para
costurar uma saída para ACM.
Colaboraram RAQUEL ULHÔA e VERA
MAGALHÃES, da Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Paulo Renato diz que oposição recebeu verba Próximo Texto: Relator do caso lembra peso da opinião pública Índice
|