São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"O povo vai me consagrar nas urnas", diz ACM

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A menos de uma semana da votação no Conselho de Ética que vai decidir o seu futuro político, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), 73, disse ontem que os baianos vão consagrá-lo nas urnas em 2002.
"Minha consagração será uma resposta àqueles que não acreditam na força da Bahia", disse o ex-presidente do Congresso, em um rápido discurso durante a inauguração do Centro de Assistência aos Profissionais de Transportes, na cidade de Feira de Santana (108 km a noroeste de Salvador).
Acusado de ter participado da violação do painel do Senado, Antonio Carlos Magalhães se emocionou e fez os empresários chorarem ao falar de seu filho Luís Eduardo Magalhães, que morreu em abril de 1998.
"Vocês podem imaginar, neste momento, a falta que ele me faz. Se Luís Eduardo estivesse vivo, eu não estaria nesta situação. Meu filho tinha competência e habilidade suficientes para impedir que o seu pai fosse vítima do maior linchamento da história política do Brasil", afirmou ACM.
Muito aplaudido pelos empresários que participavam da inauguração, em Feira de Santana, Antonio Carlos Magalhães voltou a descartar a possibilidade de renunciar ao mandato. "Penso em ser senador ou governador da Bahia em 2002, mas não penso em renúncia", disse.

Estradas
Em seguida, ACM responsabilizou o governo pelo "péssimo estado" das rodovias federais que cortam o Estado. "Temos de reagir. Não podemos aceitar o péssimo estado das pistas federais que passam pela Bahia."
Depois, perguntou: "Por que pagamos uma dívida com juros exorbitantes e deixamos as cidades sem energia e o povo sem estradas?".
O pefelista não quis falar sobre as decisões que pretende tomar até o vencimento do prazo de revisão do relatório do senador Saturnino Braga (PSB-RJ), do Conselho de Ética, solicitada pelo senador Paulo Souto (PFL-BA), aliado do baiano.
"Os próximos passos eu saberei a partir da próxima quarta-feira. A Bahia está comigo. É isso o que importa", afirmou o senador.
ACM voltou a dizer que não cometeu "nenhum pecado" para ser cassado. "Às vezes, me pergunto qual tem sido o meu pecado. Será que estou sendo perseguido porque apontei os corruptos? Será que foi porque lutei para reduzir a pobreza ou para reajustar o salário mínimo?."
Antonio Carlos Magalhães disse também que está sendo prejulgado e sofrendo os efeitos de manobras políticas adversas por causa da sua atuação nacional contra a corrupção.
"Nunca vi coisa igual no Brasil para tirar alguém que sempre defendeu a moralidade pública e administrativa e não se curva a quem quer que seja em defesa dos interesses da Bahia. Somente o povo da Bahia pode tirar o meu mandato, porque ninguém pode tirar o mandato de um homem sério e honesto que sempre lutou pela moralidade no país", afirmou ACM.

Protesto
Antes de chegar ao Centro de Assistência aos Profissionais de Transportes, em Feira de Santana -batizado com o nome de seu filho, o deputado Luís Eduardo Magalhães-, ACM foi vaiado por cerca de 200 manifestantes.
Liderados pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e políticos oposicionistas, os manifestantes pediram com faixas e gritos a cassação do senador baiano.
A manifestação durou menos de 30 minutos. (LUIZ FRANCISCO)


Texto Anterior: Relator do caso lembra peso da opinião pública
Próximo Texto: O herdeiro: Sem vocação, Júnior aguarda sua hora
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.