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CASO TRT
Decisão sugere que acordo entre CEF e tribunal para retomada de construção de fórum trabalhista não seja executado
BC emite parecer contra término de fórum
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central emitiu parecer
contrário ao acordo feito entre a
CEF (Caixa Econômica Federal) e
o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo, que possibilitaria o término a obra do fórum
trabalhista paulista.
As obras, interrompidas desde
1998, deveriam ter sido retomadas há dois meses, segundo anúncio da CEF no ano passado. O
banco não se pronuncia oficialmente sobre a paralisação do
acordo. O protocolo firmado entre as duas partes está suspenso
até definição do Palácio do Planalto. A CEF irá tentar argumentar contra o parecer.
Segundo o protocolo de intenções assinado entre o tribunal e o
banco, em dezembro do ano passado, a CEF seria a responsável
pelo término da obra em troca
dos depósitos judiciais determinados pelo TRT-SP. Só no ano
passado, esses valores atingiram
R$ 1,754 bilhão apenas na capital.
Os responsáveis pelo parecer foram dois diretores do BC. Um deles é Tereza Grossi, diretora de
Fiscalização que foi denunciada
pelo Ministério Público devido à
operação de socorro aos bancos
Marka e FonteCindam, que acarretaram prejuízos de R$ 1,6 bilhão
aos cofres públicos. No ano passado, a Justiça Federal concedeu liminar para que ela deixasse o cargo, mas o Tribunal Regional Federal derrubou a decisão.
Para se posicionar contra a negociação que possibilitaria a conclusão do fórum, o parecer baseia-se na lei 4.595, que dispõe,
entre outros, sobre instituições
monetárias e bancárias.
Pessoas envolvidas nas negociações acreditam que há outros interesses em jogo. O Banco Central
é a favor de que os depósitos sejam feitos no Banco do Brasil, mas
diz que só vai se manifestar na
próxima semana, quando Tereza
volta de viagem ao exterior.
O BB seria o maior perdedor
com o acordo: os depósitos judiciais passariam a ser feitos em
uma agência da CEF, que seria
construída no fórum. O BB detém
tais depósitos hoje.
Avaliações feitas em 2000 concluíram que, para terminar a
obra, seriam necessários entre R$
31,5 milhões e R$ 38,5 milhões.
Iniciada em 92, a obra já custou
R$ 230 milhões aos cofres públicos, dos quais R$ 169,5 milhões
foram desviados. Cerca de 30% da
construção está inacabada.
Apesar de ter sido definido que
o tribunal ocuparia todo o prédio,
depois do acordo, faltava decidir
se a CEF passaria a ser proprietária do fórum, que atualmente está
com a Secretária de Patrimônio
da União. O prédio passaria, então, para a CEF em troca de dívidas da União com a instituição.
Seria feito um regime de comodato entre a CEF e o TRT, por um
prazo renovável de 99 anos.
Segundo o Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícia em
Engenharia), responsável pela última perícia na obra, se o prédio
fosse vendido no ano passado, valeria R$ 57,6 milhões.
O presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a criar, em
agosto do ano passado, uma comissão que determinasse o destino do prédio. Após perícia, determinou-se que a obra fosse acabada. Um dos motivos foi a situação
precária das 79 varas trabalhistas
da capital, que estão espalhadas
pelo centro e custam R$ 3,6 milhões por ano em aluguéis.
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